O mundo corporativo está em constante movimento, principalmente líderes e gestores precisam estar atentos às novidades para conduzir a empresa da melhor maneira possível. A tecnologia é sempre uma grande aliada neste momento, otimizando as atividades e unificando processos, porém há muito mais para ser considerado em uma gestão de sucesso.
“É um desafio apostar na relevância de algumas das principais tendências de gestão para 2022, correndo o risco de ser óbvio ou esotérico demais, sendo assim irrelevante em quaisquer dos dois casos”, diz Marcelo Pudenzi, diretor-geral da Phoron do Brasil.
Ainda de acordo com Pudenzi, há algumas práticas que vêm se consolidando e podem ser consideradas seguras de apostar como visões que todo gestor deverá aplicar. Confira com a lista das principais tendências para acompanhar de perto em 2022.
- ESG
Mais do que a sigla da moda, ESG (acrônimo em inglês para Ambiente, Social e Governança) consolida em si todos os demais itens que menciono mais abaixo. ESG trata, acima de tudo, da perenidade, a capacidade de permanecer durante longo tempo, e se aplica a empresas, pessoas, sociedades e, em última instância, ao nosso mundo. Uma empresa só existe porque está inserida em determinada realidade, com seus clientes e funcionários pertencendo a determinado grupo social, então não faz sentido pensar em se gerir uma companhia sem considerar seus impactos e os fatores que a influenciam sob as perspectivas sociais, legais e ambientais. Isto se mostrou ainda mais premente e explícito nos últimos dois anos, quando vivemos uma pandemia global e experimentamos efeitos climáticos extremos que tem impactado sociedades e mercados, pessoas e empresas.
Gestores de todos os níveis precisam, mais do que nunca, considerar os aspectos Sociais e Ambientais em cada tomada de decisão ou iniciativa estabelecida com seus times e a forma de se executar isto é através da Governança Corporativa (o G em ESG), o sistema pelo qual as empresas são dirigidas e monitoradas, com práticas e métricas que controlem os aspectos operacionais e estratégicos que se aplicam a elas. Governança é o alicerce fundamental para 2022 (e para o futuro) e todas as empresas devem implementá-la de acordo com seu grau de maturidade (por exemplo, por meio da implantação de Conselhos Consultivos).
- Transformação Digital + Tecnologias Exponenciais + Data-Driven
A Transformação Digital não é mais uma tendência ou fator de diferenciação competitiva, mas sim uma questão de sobrevivência. Novas tecnologias se estabelecem com rapidez cada vez maior e o profissional ou a empresa que não souber adotá-las ao seu modelo de negócio está arriscando sua relevância. Cada vez mais, a tecnologia viabiliza a captura de um volume gigantesco de dados e quem souber catalogar, interpretar e transformar estes dados em vantagem competitiva se diferenciará cada vez mais.
Uma pesquisa da Universidade de Brasília no início de 2019, ou seja, antes da pandemia, estabeleceu que até 2026, 54% dos empregos formais do Brasil (30 milhões de vagas!) poderão ser ocupados por computadores. Gestores de empresas, produtos, serviços ou pessoas precisam ter isto muito claro e buscar se aprofundar nas ferramentas e conhecimentos que viabilizarão sua diferenciação no mercado.
- Trabalho Híbrido
Um tema já testado por diversas empresas há muitos anos, o trabalho híbrido se consolidou de forma mais generalizada por conta da pandemia e passa a ser uma realidade de mercado, com todos seus prós e contras. É uma transformação radical do ecossistema de trabalho, dentro do escritório e fora dele (o que falar do impacto aos restaurantes no entorno dos grandes edifícios comerciais, por exemplo? E o trânsito ou o próprio consumo de veículos e combustíveis?) que não pode ser subestimada e para a qual não haverá uma regra única para todos. Gestores, empresas e profissionais precisam se adaptar a esta realidade e buscar formas de viabilizar a coexistência dos modelos presenciais, híbrido e remoto dentro da realidade de cada negócio e de cada time.
- Liderança Colaborativa + Liderança Transformacional
Há muitos anos já se fala nestes termos, mas o que temos percebido nos últimos meses e anos (aqui novamente acelerados pela pandemia) é uma demanda cada vez mais generalizada por líderes verdadeiramente empáticos, que consigam inspirar times a buscarem suas visões por meio de um ambiente de trabalho ético, colaborativo, autêntico e pautado por um propósito genuíno com o qual cada indivíduo pode se conectar verdadeiramente.
Estamos passando por um período único na história em que 5 gerações, muito diferentes entre si, estão coexistindo no mercado e até dentro do mesmo time. Esta é uma realidade que vai permanecer e até mesmo se aprofundar, com o aumento da expectativa de vida e, consequentemente, da vida profissional das pessoas. Líderes precisam saber gerenciar os inevitáveis conflitos intergeracionais enquanto motivam pessoas diferentes de formas diferentes a alcançarem os objetivos dos times e empresas, e única forma de viabilizar isto é por meio de uma conexão humana genuína e inspiradora.
- Agilidade
As metodologias ágeis surgiram no universo da programação de computadores, mas hoje são um conceito de Governança Corporativa fundamental para que as empresas possam se adaptar às constantes mudanças que o mundo e o mercado impõem, porque estabelecem o cliente como peça central da estratégia, pois esta é a demanda do cliente, por uma hiper personalização de produtos e serviços, inspirada pelo movimento de transformação trazido pelas Startups.
Neste contexto, a Ambidestria Corporativa, ou seja, a habilidade de conseguir inovar sem prejudicar seu negócio atual, é uma realidade que empresas e líderes precisam exercitar, tanto quanto o desapego na habilidade de abandonar ou transformar estratégias que não são mais relevantes e “pivotar” em direção à mudança – ou seja, girar radicalmente para novo caminho.
Uma sexta tendência extremamente relevante: o Lifelong Learning ou “Aprendizado que Dura a Vida Toda”, em tradução literal. Mais do que um conceito, é uma mudança de mentalidade baseada na premissa básica de que o mundo está em constante transformação e, por isso, demanda um aprendizado contínuo. É a humildade em identificar o que falta para buscar aprender, por meio de estudos e experiências interpessoais, e genuinamente aplicar o conhecimento adquirido.