O volume na divulgação de relatórios com temas ESG vem crescendo entre as empresas do Ibovespa. Neste ano, 91% das companhias de capital aberto no país publicaram relatórios destacando os resultados não financeiros do ano. Esta é a maior proporção de reportes dos últimos três anos, quando a PwC Brasil e o Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil, passaram a analisar estes resultados no estudo “ESG no Ibovespa”.
Nesta edição foram analisadas 82 empresas, entre maio e agosto de 2023. Dentre todas as companhias pesquisadas, 91% apresentaram algum tipo de relatório relacionado a aspectos ESG. O número é o maior já registrado pela pesquisa (86% divulgaram em 2020 e 82%, em 2021).
“Sabemos que as empresas no Brasil ainda têm muito o que avançar na agenda ESG. Mas, neste ano já observamos uma preocupação crescente com temas climáticos, seja pelo uso de frameworks voltados para as emissões de gases causadores do efeito estufa e aumento do reporte de temas materiais, seja pela preocupação com as mudanças climáticas, uma das mais citadas como ODS prioritários e discussão sobre riscos estratégicos envolvendo esses assuntos. Contudo, não notamos uma proporção maior em divulgar metas de redução no período, e os compromissos com a neutralização de carbono concentraram-se, em sua maioria, no ano de 2050”, destaca Mauricio Colombari, Sócio da PwC Brasil.
Nesta edição, pelo menos nove índices de mercado relacionados a ESG foram citados nos relatórios. Os destaques foram os Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (ISE B3), citado por 69% deles, e o Índice Carbono Eficiente, também da B3 (ICO2), por 52%, ambos com crescente participação desde o início do período pesquisado. A novidade foi a inclusão do Índice TEVA Mulheres na Liderança e do Bloomberg Gender-Equality Index.
“A confiabilidade desses índices é um fator importante ante a recente publicação de duas normas pelo Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês) que preveem uma apresentação e exigências mínimas de informações sobre sustentabilidade de maneira geral (IFRS S1) e mudanças climáticas (IFRS S2) e que já foram incorporadas ao quadro regulatório brasileiro pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além da resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) que adotou as Normas Brasileiras de Preparação e Asseguração de Relatórios de Sustentabilidade já convergidas aos padrões internacionais”, ressalta Rogerio Mota, Diretor Técnico do Ibracon.
Entre os temas ambientais, a pesquisa revela que, apesar de se verificar uma preocupação maior em relação às mudanças climáticas e maior adesão ao GHG Protocol, poucas empresas afirmaram em seus relatórios que já se consideram carbono neutro – 93% delas não se declararam carbono neutro. A proporção de relatórios com metas de redução não se alterou em comparação com o estudo anterior. Houve, no entanto, um aumento dos objetivos validados pela ciência: 30% das empresas que divulgaram metas de redução indicaram que elas foram validadas, o que representa um crescimento substancial em relação aos 19% obtidos na edição anterior.
As divulgações relacionadas à inclusão e diversidade também têm avançado em relação a anos anteriores. Além de reportar dados relacionados à presença de homens e mulheres nas organizações (a participação de mulheres na alta liderança é divulgada por 84% das companhias e nos Conselhos de Administração por 83% delas), nota-se maior divulgação de informações demográficas acerca dos marcadores de raça e orientação sexual.
Nos relatórios analisados, a agenda ESG foi recorrente nos temas de riscos estratégicos das empresas. Os riscos climáticos foram os mais citados, 80% das empresas analisadas informaram que os riscos socioambientais já estão incorporados à matriz de riscos estratégicos e, portanto, integram o programa de riscos corporativos. Esse é um requerimento de divulgação importante das novas normas de sustentabilidade, e os resultados demonstram que as empresas têm avançado de forma relevante nesse sentido.
Em relação à governança corporativa, a divulgação de estatísticas nos canais de denúncia passou de 57% da primeira edição da pesquisa para 80% dos relatórios analisados nesta.