Repetindo o sucesso das edições anteriores, o 3º Fórum Brasil-Alemanha de Comunicação consolidou-se como um ponto de encontro de líderes das áreas de comunicação e marketing das empresas associadas à Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo).
Realizado no dia 27 de agosto na Pinacoteca de São Paulo, o evento destacou-se por promover um rico intercâmbio de experiências, discutir tendências e fortalecer conexões entre os participantes. Reunindo mais de 120 profissionais, e 14 palestrantes e painelistas, o fórum contou com o patrocínio das empresas Mattos Filho (patrocínio ouro); Basf e Siemens (patrocínio prata); e Allianz e Bosch (patrocínio bronze).
Logo no credenciamento os participantes foram recepcionados com ecobags personalizadas com a identidade visual do evento, cafés Melitta e um estojo com produtos da STAEDTLER, multinacional alemã de produtos de escrita.
Stephanie Marcucci Viehmann, Diretora de Comunicação da AHK São Paulo, deu início ao evento reforçando o quanto encontros como esse são importantes para fomentar a troca de experiências entre profissionais e discursou sobre a responsabilidade que as áreas de comunicação exercem sobre a construção e manutenção da reputação de uma organização.
A moderação do evento ficou sob a responsabilidade de Samuel Gomes, professor e consultor de diversidade, ativista das causas negra e LGBTQIAPN+.
A manhã de conteúdo começou com uma palestra inspiradora do keynote speaker Caco Barcellos, renomado repórter da TV Globo, que discutiu o compromisso da comunicação corporativa com a verdade, em uma conversa descontraída com Stephanie Viehmann. Caco compartilhou com os participantes seu amor pela reportagem, os momentos mais marcantes da carreira no jornalismo investigativo e as semelhanças entre os profissionais da comunicação corporativa e os repórteres. “São tarefas comuns. O que mais nos aproxima é a tarefa de servir. Como comunicadores vivemos a vida servindo, informando as pessoas. Quem trabalha no meio corporativo faz isso de maneira interna, comprometida com aquela empresa. O compromisso é semelhante, e a responsabilidade idêntica. Quanto mais você se preocupar com quem está recebendo a informação, maior vai ser a apuração. Para mim é essencial que quem está trabalhando com comunicação, saiba com quem a empresa está se comunicando e ajudando lá fora, no mundo externo. Para mim, os maiores privilégios da profissão são fazer a pequena reflexão na premissa de qual será o meu destino naquele dia, e ter a oportunidade de conhecer uma pessoa nova e aprender com ela”, afirmou o jornalista.
Em seguida, a comunicação como estratégia de negócio foi debatida por Ana Fontes, Fundadora da Rede Mulher Empreendedora; Philip Glaser, Vice-Presidente de Estratégia, Comercial e Acesso na Divisão Farmacêutica da Bayer na Região América Latina; com a mediação de Priscilla Souza, Gerente de Comunicação e Marca do Mattos Filho. “Trabalhamos com mulheres majoritariamente em vulnerabilidade social. Nosso drama é como fazer para contar as histórias das mulheres que fazem parte da nossa rede, mas sem revitimizar essas mulheres. A gente aprendeu a lidar e entender como falar com cada público, e como potencializar esses canais digitais, mas sempre com muita verdade. Um grande desafio é comunicar no meio de tanto barulho. É extremamente importante entender os canais, saber passar a mensagem e entender o público”, destacou Ana. Philip também trouxe a sua visão: “Aqui, nós trazemos as histórias dos nossos parceiros de negócios, e isso humanizou a forma como nos comunicamos. Deixamos de ser o centro e colocamos nossos clientes como centro da narrativa.”
Felipe Paniago, Cofundador e CMO do Reclame Aqui, encerrou o primeiro bloco de discussões com uma análise aprofundada, a partir da sua experiência sobre gestão de reputação e atendimento ao cliente. “Atendimento não é gasto, é investimento. É muito mais fácil manter um cliente na base do que reconquistar um novo, por isso as empresas precisam olhar com muita atenção para a forma como o cliente final está se sentindo em relação ao seu produto ou serviço. Uma experiência ruim pode se alastrar e comprometer toda uma estratégia. Se aproximar do SAC é o primeiro passo para compreender os principais pontos de melhoria”, refletiu.
Um dos momentos mais aguardados do evento foi a premiação do concurso cultural “Alemanha no seu dia a dia”, realizado em parceria com o Goethe-Institut São Paulo e o Instituto PROA, como parte das comemorações dos 200 anos da imigração alemã no Brasil. Stephanie Viehmann, Dr. Renato Silva, Gerente da Cooperação Pedagógica do Goethe-Institut São Paulo e Jorge Hohmuth, Gerente de Marketing do Instituto PROA anunciaram as duplas vencedoras, que receberam bolsas de estudo de alemão e equipamentos eletrônicos, além de apresentar seus projetos aos líderes de comunicação presentes.
A primeira parte do evento foi finalizada com uma imersão cultural. Guiados pelo curador da Pinacoteca, Yuri Quevedo, os participantes do Fórum fizeram uma visita guiada exclusiva pelo acervo fixo do museu.
O primeiro painel pós-almoço teve como tema “Novos públicos, novo olhar, nova forma de agir”, com a participação de Anne Elise Candal Pinheiro, Gerente de Comunicação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e Regina Barbara, Gerente de Comunicação da Evonik Brasil, com a mediação de Patrícia Colombo, Vice-Presidente de Conteúdo da Africa Creative Agency. Anne destacou a importância do profissional de comunicação e o encontro geracional presente nas companhias atualmente: “O trabalho de comunicação é coletivo em sua essência. Esse encontro geracional, se for mal conduzido, pode ser problemático. Contudo, quando corretamente conduzido pode ser muito positivo para as organizações.” Regina complementou: “O papel da comunicação é muito mais que informar, é integrar e unir as pessoas. Temos um papel muito importante nesse momento em que somos bombardeados de informações: trazer informações relevantes e humanizadas.”
Outro ponto abordado no encontro foram as estratégias para o desenvolvimento de influenciadores internos. Priscila Khater, Brand and Digital Communication da Bosch Brasil, compartilhou o case da companhia. “Começamos a pensar como poderíamos aproveitar as pessoas que já falam espontaneamente sobre a Bosch. Paralelamente a isso, iniciamos algumas pesquisas e vimos que os colaboradores são a maior força de uma empresa, e são vistos como fontes mais confiáveis. A partir disso, começamos a estruturar esse programa, de forma que levasse mais conhecimento para os colaboradores. A proposta da plataforma é disponibilizar um lugar onde tenhamos notícias e tendências da empresa e desafios a serem cumpridos. Assim, os colaboraedores que fazem parte da iniciativa são acompanhados para se tornarem realmente formadores de opinião”, ressaltou Priscila.
O tema da Comunicação para Sustentabilidade foi explorado por Margarete Storto, Corporate Communications Manager da Thyssenkrupp Brasil; Rodolfo Walder Viana, Gerente de Sustentabilidade da BASF; Danilo Mecenas, Gerente de Conteúdo e Multimídia da PwC Brasil; e Karin Neves, Diretora Jurídica, de Sustentabilidade e de Pessoas da Cia Melhoramentos. Compartilhando suas perspectivas, os profissionais discutiram a importância de comunicar a sustentabilidade com clareza, transparência e praticidade, pensando nos canais corretos para cada público com o qual a empresa se relaciona.
Para encerrar o dia, Ariane López, Head de Comunicação da Siemens Brasil, e Jamile Santana, da Escola de Dados, discutiram sobre Inteligência Artificial e Propriedade Intelectual, com a mediação de Ana Carolina Castro, Coordenadora de Comunicação da AHK São Paulo. Ariane comentou sobre o uso de IA na Siemens e compartilhou os 3 pilares que norteiam a utilização deste tipo de ferramenta: “Três dimensões básicas asseguram que estamos utilizando a IA bem: a ética; a questão de dados, para tomar cuidado com dados sensíveis e pessoais; e a confidencialidade”. Racismo algorítmico, alucinações de IA e vieses inconscientes foram alguns dos pontos listados por Jamile como preocupações no uso indiscriminado de IA por profissionais de comunicação. “Racismo algorítmico é o racismo automatizado e produzido em escala. Ainda não conseguimos, como humanidade, combater o racismo estrutural, e isso foi transferido também para os processos de automatização. A IA aprende a forma como vivemos hoje e reproduz o racismo. Um exemplo disso é quando ferramentas de reconhecimento de imagem associam espontaneamente imagens de pessoas negras a contextos de violência. A única forma de combatermos esse problema é trazendo pessoas diversas para nossas equipes, discutindo temáticas antirracistas para treinar esse olhar e, assim, alimentando a IA com as referências corretas.”