Representantes da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) apresentaram, nesta quinta-feira (8), os resultados do primeiro semestre deste ano para a indústria eletroeletrônica e falaram dos problemas que o setor tem enfrentado. Segundo a ABINEE, o faturamento setorial aumentou 11% em relação ao ano anterior, no entanto, esse resultado inclui também as vendas de bens acabados importados.
“Apesar do aumento dos investimentos produtivos no País e das condições favoráveis ao consumo, a indústria eletroeletrônica não pode usufruir integralmente deste cenário em função da dificuldade de competir imposta pela valorização cambial”, explicou a entidade em seu relatório de avaliação conjuntural.
Enquanto as exportações continuam perdendo participação nos negócios do setor, as importações aumentaram em até 111%, como é o caso de telefones celulares. Segundo Paulo Castelo Branco, diretor de Telecom da ABINEE, a produção de celulares deste ano deve ser praticamente a mesma de 2010 – 64 milhões de aparelhos, sendo 52 milhões para o consumo interno. “O crescimento do setor de telecomunicações, por exemplo, que deverá ficar em 16%, acontece por conta da importação de equipamentos acabados. A receita cresce, mas a produção nacional estaciona”, explicou ele.
Esse desenvolvimento já vinha preocupando a indústria há algum tempo e representa, na opinião do presidente da entidade, Humberto Barbato, um risco de desindustrialização. "Insisto na tese da desindustrialização porque ela é um fato e o governo precisa ficar alerta. A demanda interna está sendo suprida por produtos importados", ressaltou Humberto Barbato.
Projeções
Segundo a instituição, o setor deverá crescer 5% neste segundo semestre, resultando em uma expansão anual de 8% na comparação com 2010. O faturamento esperado é de R$ 134,9 bilhões.
Embora as indústrias projetem crescimento no faturamento do setor no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, essa tendência é prevista para um menor número de empresas.