O governo anunciou em dezembro uma lei que prevê impor às maiores empresas alemãs uma cota de 30% de mulheres nas suas comissões de fiscalização e ainda medidas obrigatórias para que as empresas com mais de 500 trabalhadores aumentem o número de mulheres em cargos de direção. A medida está levando algumas empresas a considerar a saída do país e enfrenta críticas também dos defensores da igualdade de gênero.
Na Alemanha as mulheres são 43% da força de trabalho e 53% das pessoas licenciadas, havendo apenas 4% de mulheres nas comissões executivas e 15% nas comissões de fiscalização das grandes empresas. Ainda assim, a medida está sendo vista com desconfiança.
A obrigação de passar a ter 30% de mulheres nas comissões de fiscalização levaria a alterações em pelo menos 108 grandes empresas cotadas em bolsa e trocas em pelo menos 184 comissões de fiscalização. No índice DAX 30, apenas um terço das empresas manteria a sua atual composição – entre elas estão a Henkel, Deutsche Bank, Deutsche Telekom e a Lufthansa. Já grandes empresas como a Volkswagen, a RWE e ThyssenKrupp terão de duplicar o número de mulheres neste órgão.
A mudança não está sendo bem recebida e algumas empresas já consideram a saída do país, especialmente os fabricantes de automóveis que alegam que os seus órgãos de fiscalização têm de ser preenchidos por critérios de competência e especialização na área. Um argumento rebatido por Monika Schulz-Strelow, presidente da FidAR, associação que defende a inclusão de mais mulheres em cargos de topo, ao The Wall Street Journal. “A maior parte dos membros das comissões de fiscalização, mesmo em empresas de alta tecnologia, são advogados ou gestores. Nessas áreas há muitas mulheres qualificadas para esse trabalho”, defende.
Além disso, há muita desconfiança atualmente sobre as funções das comissões de fiscalização que não têm atuado de uma forma efetiva, segundo aponta a The Economist. A medida foi recebida com ceticismo também por parte dos defensores da igualdade de gênero já que as comissões de fiscalização não têm poder de decisão efetivo.
Com informações de O Observador