Brasil é atrativo para segmento logístico alemão

Em um cenário de crise econômica, com projeções de desaceleração do comércio mundial, empresas europeias apostam nas potências emergentes como destino de investimentos.

No segmento de logística, o Brasil, ao lado dos outros países do Brics, é visto pelas companhias alemãs como uma importante potência para movimentação de grandes volumes de carga.

Na rota comercial Brasil-Alemanha, que é coberta principalmente por transporte marítimo, os fármacos e bens de consumo figuram como os mercados mais significativos de entrada no País, seguidos por peças e maquinários automotivos.

No caminho inverso, de produtos que saem do Brasil e são exportados para a Alemanha, os perecíveis, que necessitam de condições especiais de transporte e armazenamento, estão em primeiro lugar.

“Seguindo uma tendência de mercado nacional e internacional, estamos investindo em um programa global para o transporte de produtos fármacos, que segue uma regulamentação específica, com exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, afirma Sam Dolmaya, gerente da conta nacional de Farmacêutica e Saúde da Kuehne+Nagel, empresa de serviços logísticos.

 “O Brasil é um lugar atrativo para o mercado logístico da Alemanha, sobretudo por conta da realização de eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que estão gerando mais investimentos em infraestrutura, e por seu mercado imobiliário atrativo”, explica Andreas Liess, gerente de Vendas Trade Lane para Alemanha e Suíça, da DHL Global Forwarding.

Entraves para movimentação de cargas

Apesar do crescente desempenho brasileiro para o segmento de logística internacional, a infraestrutura de portos, aeroportos, estradas e ferrovias ainda é deficiente para atender ao fluxo de carga que transita pelas rotas nacionais.

Ao lado da infraestrutura precária, os altos impostos, a burocracia no desembaraço aduaneiro, a falta de capacidade de armazenamento e o sucateamento ainda são entraves para a entrada e tráfego de mercadorias no território brasileiro.

“Cerca de 70% das alças de acesso nacionais são deficientes, o que faz com que, muitas vezes, as cargas sejam entregues com atraso. Por conta da demora no desembaraço aduaneiro, em alguns casos os navios desistem de entregar as mercadorias em determinados portos e seguem para outros pontos da rota comercial”, comenta Andreas Liess.

No setor de logística aérea, espera-se a expansão do volume de cargas entrando e saindo do Brasil, principalmente com a proximidade da Copa do Mundo de 2014. “Atualmente, as empresas do setor se adaptaram à situação real vivida nos aeroportos do Brasil, mas nem por isso deixamos de incentivar o País a desenvolver sua infraestrutura, por meio de investimentos em soluções para desafunilar o trânsito nos portos e aeroportos e facilitar os trâmites burocráticos”, diz Eduardo Faria, Especialista Regional de Planejamento e Marketing para América do Sul, Caribe e Flórida da Lufthansa Cargo.

Segundo uma pesquisa realizada pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), com 1.211 empresas, a deficiência na infraestrutura eleva  os custos em R$ 17 bilhões para a indústria logística nacional. Ainda, as empresas gastam, em média, 7,2% do faturamento para movimentar suas mercadorias no Brasil.

SXC
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