Cai exportação de minério para Alemanha

A balança comercial entre Brasil e Alemanha fechou 2009 com uma importante mudança no principal produto de exportação brasileiro para o país europeu. O minério de ferro, que em 2008 ocupava o primeiro lugar no ranking, passou para a quarta posição no ano passado, com uma queda de 61,8%, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).


A diminuição das vendas brasileiras do minério para outras localidades foi de 18,9%, três vezes menor do que a registrada para Alemanha. Segundo especialistas, a retração é um reflexo das dificuldades enfrentadas pelo setor devido à situação econômica. “A crise internacional e a forte recessão na Alemanha fizeram com que diversos auto-fornos fossem desligados, provocando expressiva redução na demanda por minério de ferro”, explica a vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Lucia Maria Maldonado.


Café


Enquanto alguns setores sentiram forte impacto nas vendas para o exterior, o café conseguiu manter a sua receita e tornou-se o principal produto brasileiro exportado para a Alemanha no ano passado. “A cotação do café teve pequena queda, que foi compensada pelo leve aumento nas quantidades exportadas, fazendo com que a receita de exportação ficasse praticamente inalterada, com alta de 3%”, comenta Lucia.


Segundo maior importador de café do mundo, a Alemanha é tradicionalmente um dos principais compradores de café brasileiro. Mas outro fator pode ter contribuído para que o produto chegasse à primeira posição na balança de 2009, conforme o diretor-executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Guilherme Braga. “Colômbia e outras nações da América Central perderam volume de vendas em 2009, devido às perdas na safra por problemas climáticos. Houve uma substituição de fornecedores”, explica.


Perspectivas


No entanto, se depender das indicações do cenário internacional, 2010 será um ano de recuperação das exportações brasileiras para o restante do mundo, inclusive do minério de ferro. O estrategista-chefe do Banco WestLB, Roberto Padovani, arrisca um crescimento as exportações próximo a 20%, depois de um tombo de 23% em 2009. “Nesse contexto, as vendas para a Alemanha também devem ser retomadas”, avalia.


No ano passado, o déficit na balança comercial entre os dois países registrou um aumento de 14% em comparação com 2008, fechando em US$ 3,69 bilhões, o que manteve a Alemanha na quarta colocação no ranking de parceiros comerciais, pelos dados do MDIC. “A expectativa de boa parte dos analistas é que a Alemanha deixe para trás uma recessão da ordem de 5% e apresente um crescimento em 2010, entre 1.5% e 2.0%”, afirma.

Vale/Divulgação
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