Aconteceu nesta quinta-feira (20), em São Paulo, a Conferência Internacional “O Futuro Solar no Brasil”, evento com a proposta de unir missões empresariais e industriais, representantes de entidades de classe e investidores para debater a energia solar fotovoltaica no País. Organizada pela Solarplaza, empresa holandesa especialista em promoção de eventos desse segmento, a conferência mostrou os avanços do setor, as oportunidades do mercado nacional e os desafios para a efetivação do modelo solar como uma das fontes principais de energia no Brasil.
Segundo o estudo REN21 (Renewable Energy Policy Network), a capacidade instalada de geração de energia no mundo a partir de fonte solar saltou de 40GW (Giga Watts) para 70GW em 2011. Apesar de o Brasil possuir um dos mais altos índices de insolação durante o ano, com média de incidência solar de oito horas por dia, sua capacidade instalada de energia solar ainda é muito baixa, com cerca de 20MW (Mega Watts). A Alemanha, país onde a incidência diária é em torno de uma hora, tem capacidade instalada de 24,7GW e é líder em termos de potência energética derivada de fonte solar. Não à toa, a Europa é o maior mercado consumidor de módulos fotovoltaicos.
O Brasil leva vantagem também na extração de quartzo puro natural, já que tem as maiores reservas dessa matéria-prima do silício. No entanto, para a fabricação de painéis fotovoltaicos, é necessário o processamento do quartzo em silício puro (99,9999% de pureza), e no País só é feito o silício metalúrgico, com pureza entre 98% e 99% e utilizado para outras finalidades. Esses e outros gargalos, como burocracia, poucos incentivos governamentais e falta de estímulo maior à ampliação do parque solar no Brasil foram apontados pelos palestrantes.
Caminhos sugeridos
Amilcar Guerreiro, representante da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao governo, defendeu a geração fotovoltaica distribuída para a consolidação dessa fonte no Brasil. “Temos apenas 2MW ligados à linha elétrica nacional. A tendência é integrar a produção feita pelos consumidores, em pequenas instalações, inclusive domésticas, e as concessionárias distribuidoras”, avalia.
O sistema funcionaria de forma muito simples: consumidores de diversos perfis poderiam ter instalados em suas casas, comércios, empresas e propriedades módulos fotovoltaicos, produzindo energia elétrica e abastecendo a rede geral das grandes concessionárias. Seria feito um cálculo e o equivalente em reais fornecido seria abatido da conta de luz daquele indivíduo, pessoa física ou jurídica, em um crédito válido para abatimento em até três anos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deve validar ainda este ano as regras para Micro e Mini Geração Distribuída, que passariam a vigorar em 2013.
O panorama dos próximos anos no Brasil é de crescimento e consolidação da energia solar fotovoltaica. Niels Kleer, diretor operacional e comercial da Gehrlicher Ecoluz Solar do Brasil, prevê uma demanda crescente de mais 100GW nos próximos dez anos no País. Um aspecto que ajuda a apontar nessa direção é a diminuição do valor das instalações de sistemas fotovoltaicos. No Brasil, estima-se que o custo da energia solar fotovoltaica esteja entre R$300/MWh e R$400/MWh, inferior ao custo da energia tradicional em alguns estados com alta incidência de irradiação solar. A estimativa de especialistas, atestada por dados da consultoria Kena, é de que sejam investidos no País entre 15 e 49 bilhões de reais em geração de energia solar distribuída até 2030.
O despertar do Brasil acompanha a tendência em outros países, como Índia e China. Essa última tem a seu favor um grande apetite para o consumo de energia elétrica e aparece como candidato a liderar o mercado fotovoltaico solar na próxima década. Edwin Koot, CEO da Solarplaza, afirma que “a energia solar fotovoltaica, além de sustentável, será economicamente vantajosa no médio prazo de forma mais ampla”.