O ano passado foi histórico para o mercado de crédito imobiliário. Nunca se financiou tanto imóvel no País. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o montante de financiamentos atingiu, em 2009, R$ 34 bilhões – um aumento de 13,3% ante 2008; configurando um recorde histórico pelo segundo ano consecutivo.
Mas não foram apenas as classes mais baixas que se beneficiaram com os empréstimos. As facilidades e o prazo alongado dos financiamentos também se tornaram atraentes para os compradores da classe média e média alta. “Com a taxa Selic em 8,75% ao ano, também há maior interesse em imóveis de alto padrão. O prazo se tornou mais importante do que o preço”, avalia Dr. Michael Bamberg, diretor-presidente da Bamberg Consultoria de Imóveis, especializada em negócios de alto padrão, como intermediação de compra, venda, locação e avaliação de imóveis corporativos. A empresa registrou um crescimento de 20% no volume de vendas do ano passado, em relação a 2008.
Boom imobiliário
Para o executivo alemão, os juros mais baixos e o aumento do poder de compra das classes média e média alta contribuem para o que muitos consideram um boom imobiliário no mercado brasileiro. Mas, segundo ele, há também uma mudança de visão por parte dos compradores. “Com a crise, as pessoas voltaram a pensar em imóveis como investimento para venda e aplicação. Antes, preferiam aplicar em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e na bolsa”, explica. Tanta procura acaba gerando também elevação nos preços dos imóveis. No segmento de atuação da Bamberg, esse aumento foi de 10%.
Futuro
E, para quem pensa que a expansão do mercado imobiliário já chegou ao nível máximo em uma capital como São Paulo, por exemplo, Bamberg acredita que ainda não há previsão de estagnação. Segundo ele, o potencial de crescimento de imóveis residenciais e comerciais de alto padrão para este ano é de 30%.
Projetos de áreas mistas propostos pela Prefeitura de São Paulo, que estimulam a criação de residências perto de onde estão os empregos e criam polos econômicos, são apontados pelo executivo como possíveis alternativas para o futuro. Além disso, investimentos ligados à Copa do Mundo de 2014 no Brasil e às Olimpíadas de 2016 deverão impulsionar o setor nos próximos anos.