A economia europeia dá sinal do agravamento da corrupção e do mau uso da máquina administrativa nos países do continente. Essa é uma das conclusões do estudo “Dinheiro, Política e Poder: Os riscos da corrupção na Europa”, divulgado nesta quarta (6) pela Transparência Internacional, entidade dedicada a combater esses desvios de conduta política pelo mundo.
O documento identifica falhas em cada um dos 25 países europeus pesquisados, sobretudo na interseção entre o mercado e os governos, nas relações de negócios e na política. Grécia, Itália, Portugal e Espanha, países que estão no centro da crise, apresentam “problemas graves” no setor público, como ineficiência administrativa, corrupção e falta de transparência, aponta o estudo.
Outras práticas como lobbies e tráfico de influência configuram conduta antiética e levam à corrupção. “A ‘corrupção legal’ leva em conta decisões políticas legais que beneficiam poucos em detrimento de muitos”, analisa o instituto. O cenário econômico reflete essas decisões, mas os prejuízos demoram a aparecer. “A causa da crise econômica é uma confluência de diferentes fatores em cada um dos países afetados. A falha em adotar medidas para prevenir, detectar e punir a corrupção está entre eles”.
Um aspecto que favorece a corrupção em muitos dos países pesquisados é a falta de regulamentação dos financiamentos de campanhas e partidos políticos. Alemanha, Dinamarca e Reino Unido têm sistemas de financiamento partidário “longe do exemplar”, afirma a Transparência Internacional. “Os partidos políticos, interseções vitais entre os cidadãos e o governo, estão dificultando os esforços anticorrupção”, diz o documento.
Ao deixar o poder público, incluindo os partidos, se relacionar livremente com o setor privado, são abertas brechas que permitem o enraizamento da corrupção. Dessa forma, a sociedade não tem conhecimento do contexto das definições políticas em detalhes, o que prejudica o processo democrático. Em países como Grécia, Irlanda, Itália, Romênia e Espanha, mais de 80% da população acham os partidos políticos corruptos ou extremamente corruptos.
Como conclusão do relatório, a Transparência Internacional recomenda a adoção de legislação específica para tratar cada ação estatal ainda vulnerável à corrupção. Entre elas, destacam-se a regulamentação da política de financiamento partidário, a definição de um código de conduta ética para parlamentares e a adoção de um sistema eletrônico de divulgação de informações públicas.