Dilma critica países ricos e nega protecionismo


Em seu discurso de abertura da 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (25), em Nova York, a presidente Dilma Rousseff pediu urgência na construção de um amplo pacto pela retomada do crescimento global. Segundo ela, não haverá resposta eficaz à crise enquanto não se intensificarem os esforços de cooperação entre os países e os organismos internacionais.



“Esta coordenação deve buscar reconfigurar a relação entre política fiscal e monetária para impedir o aprofundamento da recessão, controlar a guerra cambial e reestimular a demanda global”, afirmou.



Dilma criticou os países desenvolvidos por implementarem uma política monetária que prejudica os países em desenvolvimento. De acordo com a presidente, a valorização artificial das moedas dos países desenvolvidos agrava ainda mais o quadro recessivo global.



“A opção por políticas fiscais ortodoxas vem agravando a recessão nas economias desenvolvidas com reflexos nos países emergentes, inclusive o Brasil. As principais lideranças do mundo desenvolvido ainda não encontraram o caminho que articula ajustes fiscais apropriados e estímulos ao investimento e à demanda indispensáveis para interromper a recessão. Os Bancos Centrais dos países desenvolvidos persistem em uma política monetária expansionista que desequilibra as taxas de câmbio. Com isso, os países emergentes perdem mercado devido à valorização artificial de suas moedas, o que agrava ainda mais o quadro recessivo global”, disse.



No discurso, a presidente tocou na questão da acusação de protecionismo feita pelos Estados Unidos ao Brasil: “Não podemos aceitar que iniciativas legítimas de defesa comercial por parte dos países em desenvolvimento sejam injustamente classificadas como protecionismo. Devemos lembrar que a legítima defesa comercial está amparada pelas normas da Organização Mundial do Comércio”.



Dilma reafirmou, ainda, o pleito brasileiro pela reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. “As guerras e os conflitos regionais, cada vez mais intensos, as trágicas perdas de vidas humanas e os imensos prejuízos materiais para os povos envolvidos demonstram a imperiosa urgência da reforma institucional da ONU e em especial de seu Conselho de Segurança. Não podemos permitir que este Conselho seja substituído – como vem ocorrendo – por coalizões que se formam à sua revelia, fora de seu controle e à margem do direito internacional. O recurso fácil a esse tipo de ação é produto desse impasse que imobiliza o Conselho. Por isso, ele precisa urgentemente ser reformado”, defendeu.

Roberto Stuckert Filho/Presidência da República
Roberto Stuckert Filho/Presidência da República