Empresas alemãs e o risco Europa

As empresas alemãs estão olhando com otimismo para o futuro quando a questão é sua própria competitividade: 80% das respondentes de um levantamento da Roland Berger acreditam que vão continuar a crescer até 2015. Quando se trata do restante da Europa, no entanto, a percepção muda – dois terços esperam que a economia do continente fique estagnada ou mesmo caia em recessão nos próximos anos.

“As empresas alemãs estão, de maneira geral, bem posicionadas, e por isso são competitivas internacionalmente”, afirma Max Falckenberg, sócio da Roland Berger Strategy Consultants. “No entanto, elas aparentemente subestimam os riscos na Europa. A economia da Alemanha é muito orientada às exportações e, se os países vizinhos caírem em recessão, isso vai impactar negativamente as empresas alemãs. Elas precisam estar prontas caso isso aconteça”, completa o executivo.

Europa, o grande risco

Segundo a Roland Berger, as companhias germânicas consideram o mercado único como a grande vantagem da União Europeia. No entanto, caso a situação econômica se deteriore no bloco, as empresas vão enfrentar uma queda nas exportações intra-europeias, e isso seria acompanhado, provavelmente, por um grande desemprego e consumo mais fraco por toda Europa.

O estudo da consultoria alemã mostra que, apesar disso, as empresas do país ainda estão convencidas de que podem crescer nos próximos dois anos, especialmente devido ao seu acesso ao mercado internacional (21%), ao portfólio amplo e de alta qualidade (19%) e à forte inovação (17%). “Sua boa situação financeira também dá razões aos empresários alemães para que eles sejam otimistas, à medida que a liquidez se tornou menos estreita em muitas companhias”, diz o especialista em reestruturação da Roland Berger Jakob Rüden. “Muitas companhias conseguiram fortalecer sua base de capitais próprios desde a crise de 2008/2009.”

De olho no cenário

Conforme a consultoria, as companhias alemãs precisam acompanhar de perto o ambiente econômico volátil, especialmente na Europa, e, idealmente, basear seu planejamento em diferentes cenários econômicos. Quase 80% dos participantes do estudo já utilizam o planejamento de cenários ao preparar suas estratégias, e 86% tem como prática a reestruturação permanente de suas companhias.

“Apenas os negócios que revisam sua própria estratégia regularmente e que tomam as medidas apropriadas terão condições de se manter competitivos no longo prazo e operar com sucesso em mercados voláteis”, destaca Falckenberg. Assim, para a Roland Berger, não é surpresa que 65% dos respondentes do estudo contemplem a possibilidade de mudar sua estratégia ou seu modelo de negócios. Em 2012, apenas 44% consideravam essa possibilidade. Tornar os custos mais flexíveis (76%), por exemplo através da terceirização, também tem um papel importante, embora, assim como no ano anterior, em 2013 as empresas alemãs pretendem se focar nas iniciativas de vendas e de crescimento (80%) para melhorar ainda mais sua competitividade.

CCommons/flickr/futureatlas.com
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