O nível de atenção dada pela alta administração das companhias aos desafios impostos pela lavagem de dinheiro é o mais alto de todos os tempos, de acordo com as constatações do novo relatório da KPMG Internacional. Nove em cada dez respondentes (88%) disseram que as questões relacionadas ao combate a este tipo de crime (AML, sigla em inglês para Anti-Money Laundering) estão de volta ao topo das prioridades na pauta das empresas, em vez de estarem sendo substituídas por outros temas como mostraram estudos realizados ao longo dos últimos dez anos (em comparação aos 62% em 2011). O levantamento apontou ainda que a maioria dos entrevistados (84%) alegou que essa conduta é considerada de alto risco ao negócio, enfatizando ainda com que nível de seriedade a administração interpreta as falhas no cumprimento das exigências regulatórias.
“A antilavagem de dinheiro nunca foi prioridade número um da alta administração das empresas. As multas aplicadas pelas agências reguladoras chegam a atingir bilhões de dólares e os procedimentos regulatórios estão tornando-se uma verdadeira ameaça ao licenciamento”, disse Geronimo Timerman, sócio da área de Fraudes da KPMG no Brasil.
“As instituições financeiras estão fazendo mudanças significativas em resposta às regulamentações globais de AML que estão cada vez mais abrangentes, e as revisões das recomendações da Força-Tarefa de Ação Financeira (Financial Action Task Force – FATF) e da Lei de Conformidade Fiscal de Contas Estrangeiras dos Estados Unidos (U.S. Foreign Account Tax Compliance Act – FATCA) estão causando um impacto. No Brasil, não podemos esquecer a lei anticorrupção, que em vigor desde janeiro prevê altas multas para as empresas. Essas iniciativas mudaram rapidamente o cenário”, completou.
Custos de compliance continuam a ser subestimados
Enquanto o ritmo das mudanças regulatórias é um grande desafio para as instituições de serviços financeiros, a maioria das organizações planeja investir mais. As três principais áreas onde o orçamento de AML foi investido são: sistemas de monitoramento de transações; revisões, atualizações e manutenção em “Conheça o seu Cliente” e recrutamento. Contudo, a satisfação em relação aos sistemas de monitoramento de transações é baixa e 35% dizem que seus sistemas não são eficientes ou eficazes. Um pouco mais da metade dos respondentes disse que seus sistemas são capazes de fornecer o cenário completo monitorando transações de diferentes empresas e jurisdições.
De acordo com a KPMG, uma previsão de custos mais precisa é vital para a tomada de decisões embasada em informações, mas ela continua sendo a principal área de deficiência devido, em parte, ao grande número de anúncios de mudanças regulatórias e à velocidade na qual as novas regulamentações deverão ser implementadas.
Devido ao volume de mudanças regulatórias, começam a surgir perguntas em relação à possibilidade de uma instituição global executar um programa de AML que esteja plenamente em conformidade. Quatro em cada dez respondentes (43%) indicaram que um forte relacionamento com as agências reguladoras seria uma mudança na abordagem muito bem-vinda, em comparação a somente 14% dos respondentes que disseram o mesmo em 2011. Uma abordagem regulatória consistente foi citada como a principal preocupação em relação à AML: 84% dos respondentes indicaram que o ritmo e o impacto de mudanças regulatórias são desafios significativos para as suas operações.