As duas novas unidades de produção que a divisão agrícola da Basf, uma das principais empresas químicas do mundo, está construindo em seu complexo industrial em Guaratinguetá (SP) deverão ser concluídas ainda este ano. “A expectativa é que uma das plantas esteja finalizada entre julho e agosto, e a outra, em dezembro”, afirmou Markus Heldt, presidente da Basf Crop Protection, durante conferência em Durham, na Carolina do Norte.
Ao todo, a companhia está investindo € 50 milhões na obra, que tem como objetivo ampliar a capacidade de formulação e produção de defensivos. A expectativa é que sejam produzidos, com a expansão, dois novos defensivos para o mercado brasileiro de soja, usados no combate a ervas daninhas e doenças fúngicas. Também está na reta final a ampliação da fábrica onde é sintetizado o fungicida Boscalid, destinado a culturas como café, cereais e frutas – mas, nesse caso, o objetivo é abastecer o mercado mundial com o princípio ativo, não apenas o Brasil.
Esta semana, a Basf anunciou um plano de investir € 1,8 bilhão globalmente para ampliar a infraestrutura de produção de sua divisão agrícola, e parte desse montante será usada para a conclusão do projeto em Guaratinguetá. Segundo Heldt, a Basf ainda não definiu novos investimentos no Brasil, mas trata Guaratinguetá como um núcleo estratégico para o fornecimento ao mercado mundial. “Em todas as nossas decisões de investimento, Guaratinguetá é um local estratégico”, disse.
A Basf revela que 23% das vendas no segmento agrícola em 2013 (o equivalente a € 1,2 bilhão) vieram da América do Sul. “O Brasil é nosso maior mercado e temos experimentado um crescimento bem sucedido nos últimos anos”, afirmou.
Mas não é apenas o mercado brasileiro de defensivos que atrai a Basf. Ampliando investimentos em biotecnologia, a empresa desenvolveu uma cultivar de soja tolerante a herbicidas em parceria com a Embrapa que deverá estar disponível aos agricultores na safra 2015/16. Desde 2009, a variedade – chamada “Cultivance” – está aprovada para o plantio comercial no país, mas a demora do aval por parte dos importadores retardou a chegada desse transgênico no campo. “Preferimos esperar a aprovação dos compradores. A China já liberou, mas ainda falta a Europa, o que esperamos que aconteça ainda este ano”, afirmou Peter Eckes, presidente da Basf Plant Science.
A divisão de Plant Science tem investido em torno de € 150 milhões por ano em pesquisas na área de biotecnologia, mas não atua diretamente no mercado de sementes. Nessa frente, a opção é estabelecer associações com outras empresas do segmento, que cuidam da comercialização das variedades.
Um dos mais vigorosos resultados da companhia alemã em transgênicos é fruto de uma parceria com a americana Monsanto. No ano passado, ambas lançaram nos Estados Unidos o primeiro “trait” (evento) do mercado que confere tolerância à seca. A tecnologia, usada em uma cultivar de milho, possibilita ganhos de produtividade de cerca de 314 quilos por hectare, indicaram testes feitos pela empresa. Por enquanto, não há previsão para a variedade ser lançada no Brasil. “Estamos avaliando como ir adiante”, afirmou Eckes.
A Basf também tem se dedicado a estudos para o desenvolvimento de cultivares tolerantes a herbicidas, estimulada pelo problema detonado com a ampliação da resistência ao glifosato em lavouras de importantes países produtores, caso de Brasil e EUA. Entretanto, ainda não há data definida para novos lançamentos nessa frente.
Com informações do Valor Econômico