A decisão do governo alemão de acabar com seu programa nuclear até 2022, pode gerar grandes perdas para o país. A Bayer, tradicional empresa química e farmacêutica que emprega cerca de 36 mil funcionários na Alemanha, pode deixar de produzir no país por conta dos altos gastos com energia. A empresa ameaçou transferir sua produção para países emergentes, como os BRIC (Brasil, Rússia, India e China), onde o gasto com energia é mais baixo.
“É importante nos mantermos competitivos em comparação com outros países”, explicou Marijn Dekkers, presidente do grupo em entrevista à revista alemã WirtschaftsWoche. “Caso contrário, uma empresa multinacional como a Bayer pode considerar transferir sua produção para países com um menor custo energético”, avisou ele.
Dekkers ressaltou ainda que a Alemanha está ficando "menos atraente" para indústrias químicas que consomem bastante energia. Segundo ele, os preços de energia no país são os mais altos da União Europeia. Sua opinião é compartilhada também pelo presidente da empresa alemã de telecomunicação 1&1, Robert Hoffmann."Há muitos encargos, que aumentam injustamente o preço da energia", disse Hoffmann à WirtschaftsWoche. O executivo explicou que sua empresa utiliza energia hidráulica da Noruega, mas ainda paga muitas taxas na Alemanha relacionadas à lei da energia renovável.
Em função do alto custo com energia, as divisões química e de materiais sintéticos da Bayer já vêm dirigindo seus investimentos para a China, onde o grupo começou a apresentar os maiores índices de crescimento.
Em seu último relatório financeiro, a Bayer divulgou que os países emergentes contribuíram significativamente para o crescimento das vendas no primeiro semestre de 2011, compensando assim o fraco desempenho obtido na Europa Ocidental e na América do Norte. Em novembro de 2010, a empresa também já havia divulgado o corte de 4500 vagas, delas 1700 somente na Alemanha, como medida de redução de gastos.