GfK lança painel do setor livreiro do Brasil


A GfK Brasil lançou, nesta quinta-feira (14), seu primeiro Painel de Livros, que reúne dados da venda de obras no varejo brasileiro. O estudo é feito em outros 14 países pelo grupo de origem alemã GfK, o 4º maior na área de pesquisas de mercado no mundo.



O Brasil é o 1º país da América Latina em que a empresa desenvolve o Painel de Livros.



De acordo com o presidente da GfK Consumer Choices no País, José Guedes, o painel, no formato que a companhia faz, é inédito no Brasil: “O País tem outros tipos de fontes [de informação sobre o mercado livreiro], que utilizam outras metodologias que não a que apresentamos hoje. A metodologia que apresentamos é um monitoramento constante de uma determinada amostra [de varejistas], que nós procuramos que seja a mais representativa da realidade do Brasil. O diferencial é que nós vamos fazer esse monitoramento no nível do varejo para o consumidor final – nós não vamos monitorar distribuidores, nem as vendas corporativas das editoras ou dos publishers –, por isso, esse pioneirismo como painel varejista”.



O estudo se propõe a ser uma ferramenta de apoio para a tomada de decisões estratégicas por parte das editoras. “Você sempre tem três variáveis de análise, que são volume de vendas, valor das vendas e ticket médio, três indicadores que são muito importantes na gestão do negócio. A partir deles, nós vamos entrando em outras divisões, como por editora, por título, por autor, por gênero, por região do País, etc. Então, isso vai permitir uma gestão muito detalhada do negócio, a aplicação da parte tática dentro de uma estratégia de negócio da empresa”, ressaltou Guedes.



Segundo o diretor de Novos Negócios no Brasil da GfK, Diogo Bettencourt, uma editora poderá tomar decisões quanto ao mix de produtos, por exemplo. “Digamos que a sua editora seja muito forte no Turismo, com 70% do mix de produtos nesse segmento, e você aposta pouco em outras áreas, como Economia. Mas, com o estudo, você descobre que, no segmento de Economia, você está performando acima da média do mercado e que você está cobrando um preço acima do da concorrência. Então você se dá conta da ótima oportunidade de negócios: você está conseguindo vender mais do que a média do mercado e a um preço maior. Assim, será que não é melhor investir mais nesse segmento, em vez de concentrar tanto no Turismo? Esse é o tipo de decisão que você pode tomar a partir do Painel”, explicou Bettencourt.



Primeiros resultados



Os primeiros dados apresentados nesta quinta-feira no Painel de Livros se referem aos meses de janeiro a maio deste ano.



Na divisão por categorias, há um grande predomínio das obras de não-ficção, tanto em volume de vendas, em que representa 61% do total, quanto em faturamento, em que perfaz 71%. A categoria ficção ficou com 23% das vendas e 18% do faturamento, e a infantil/juvenil, com 16% das vendas e 11% do faturamento.



Em termos de preço médio dos livros, o estudo mostra um pico em março, mês de volta às aulas: em janeiro, ele era de R$ 40,80, passando para R$ 43,90 em março, e voltando para R$ 40,90 em maio.



“Dentro do ano, você tem sazonalidades. O que a gente constata é que, efetivamente, os primeiros meses do ano são fortes nas vendas de livros de não-ficção, mais especificamente os livros didáticos e técnicos. Também vemos que esse conjunto de obras didáticas e técnicas têm um preço médio superior ao do restante dos livros. Logo, como são meses de sazonalidade, os preços dos livros no Brasil, que já são elevados, ficaram ainda maiores por conta desses títulos, que puxaram a média para cima”, ressaltou Bettencurt.



Em termos de gêneros, foram destaques no faturamento das empresas as obras de Ciências, que representaram 17,8% do total, e de Administração, Economia e Informática, com 16,4%. No volume de vendas, o gênero Literatura Estrangeira ficou com 17% do total, seguido da Ficção Infantil e Juvenil, com 15,5%.



O Painel revelou, também, a concentração do mercado. As três maiores editoras concentraram 13% do faturamento do setor de janeiro a maio. Se consideradas as 10 maiores, um quarto das vendas em valores fica com essas empresas. Quanto aos livros mais vendidos, o cenário se repete. Dos 150 mil títulos que têm um giro de vendas contínuo, os 10 campeões de vendas abocanham 8% do faturamento total.

CCommons/flickr.com/brewbooks
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