Foi inaugurada recentemente em Itupeva, interior de São Paulo, a primeira fábrica brasileira da alemã Röchling, especializada na produção de peças plásticas de alta resistência para uso no cofre do motor. A área construída total de 7,5 mil metros quadrados é dividida entre a divisão automotiva e a unidade de produção de plásticos de engenharia, que fornece materiais para diversos setores, exceto para fabricantes de veículos.
Segundo Peter Mettens, diretor geral da empresa no Brasil, o plano é investir de € 2 milhões a € 3 milhões por ano na operação. A Volkswagen é primeiro cliente da unidade. A montadora compra coletores de admissão e caixas do filtro de ar em polipropileno (PP), usados pelos novos motores da família EA 211, o três-cilindros 1.0 do Up! e do Fox Bluemotion e o quatro-cilindros 1.6 já lançado no Gol Rallye e Saveiro Cross. Os coletores são enviados para a unidade de motores da Volkswagen em São Carlos (SP) e o conjunto do filtro de ar já montado para as plantas de Taubaté (SP) e uma pequena parte para São José dos Pinhais (PR).
“Lançamos o primeiro coletor de admissão em PP, resistente ao calor, mais barato e com peso 15% menor (do que a poliamida, normalmente mais utilizada para essa aplicação). Como a Volkswagen ia fabricar o motor no Brasil com esse componente, precisava localizar mais suas compras e nos garantiu os pedidos para começarmos a operação brasileira”, diz Mettens. Em 2015 – o primeiro ano inteiro de produção – a empresa pretende faturar R$ 25 milhões, em curva ascendente que espera chegar a R$ 100 milhões até 2018.
Oportunidades
A empresa vê boas oportunidades de introduzir componentes inovadores (como já foi o caso do coletor de PP) que podem ajudar as montadoras a cumprir algumas das metas de inovação e eficiência energética estabelecidas pela política industrial do governo para o setor. “A Röchling vai aproveitar muito bem o Inovar-Auto, principalmente com a necessidade de redução de emissões”, aposta Mettens.
Uma das inovações que já está sendo oferecida a montadoras é o Active Grill, uma grade frontal inteligente com aletas móveis. Um atuador eletrônico que fecha a entrada de ar quando o motor não precisa de refrigeração. Isso melhora a eficiência térmica se o motor está frio, reduzindo emissões de CO2, e também reduz o arrasto aerodinâmico, o que traz economia de combustível. General Motors e PSA Peugeot Citroën já tem estudos para introduzir o equipamento em seus carros e Mettens espera ter o primeiro cliente no Brasil até 2015 ou 2016.
Outra oportunidade no mesmo sentido são peças plásticas defletoras que podem ser usadas embaixo dos carros, para liberar o fluxo de ar e reduzir o arrasto. Também está nos planos a produção no Brasil de revestimentos muito leves, feitos com linhas prensadas de polipropileno. A Mercedes-Benz estuda a utilização do componente como isolante acústico e térmico para seus caminhões. E a GM pode introduzir o revestimento em um certo projeto Delta – provavelmente um sedã com projeto desenvolvido na Opel, que poderá ser feito também em alguma das fábricas brasileiras da montadora.