Durante o painel Oportunidades para o fortalecimento dos negócios entre Brasil e Alemanha, realizado nesta segunda-feira (19), no Píer Mauá, representantes de instituições brasileiras e alemãs discutiram novas perspectivas para o desenvolvimento da cooperação econômica entre os dois países. O debate, que fez parte da programação 29º Encontro Brasil-Alemanha, levantou temas de grande interesse, como parceria e concorrência entre duas nações, abertura de mercado, perspectivas para superar a atual crise financeira, estreitamento das relações bilaterais.
Para o representante do Brazil Board do BID (Confederação Alemã da Indústria), Stephan Zoller, Brasil e Alemanha acabaram se distanciando nos últimos anos, em suas buscas por novas oportunidades de negócios. Zoller inverteu o convite do empresário Eike Batista, feito aos alemães durante a abertura do evento, e desafiou o empresariado brasileiro a ir até a Alemanha. “Temos know-how em infraestrutura, aeroportos, informática, saúde, telecomunicações. A Alemanha está bem posicionada para oferecer essas tecnologias e o Brasil tem essa demanda. Seria uma pena os brasileiros reinventarem tudo”.
Para Jochen Homann, vice-ministro do Ministério de Economia e Tecnologia, o Brasil atravessa um momento de hegemonia. Na visão do vice-ministro, as relações bilaterais estão em uma fase de exploração de novas oportunidades. “É preciso incluir as PMEs nas negociações, sempre com novas ideias, desconstruir empecilhos burocráticos, e ir além da parceria econômica.”
Já Luis Eduardo Melin, diretor do BNDES, acredita que o Brasil precisa “superar elos frágeis” em sua estrutura econômica. “Hoje a taxa de investimento em pesquisa é relativamente baixa”. Para o diretor, é fundamental que o País possa “absorver e gerar novas tecnologias”.
Sobre a questão da transferência de tecnologia, Alessandro Teixeira, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento e Indústria e Comércio Exterior, afirma que o Brasil é um dos países mais amigáveis, mas que é preciso “atacar a burocracia, resolver e diluir o risco de investimento”. Para Jochen Homann, o ponto central da discussão é claro: “não há como progredir sem expor-se à concorrência”, condição necessária para um desenvolvimento econômico e industrial significativo. Já Luis Eduardo Melin fez questão de ressaltar que “todo desenvolvimento do Brasil dos últimos anos foi gerado pelo seu crescimento interno”. Ele acrescenta que o País tem se apresentado aberto e até é complacente com práticas competitivas pouco amigáveis, vindas de outras nações.