Apenas 11% dos bancos esperam melhorar significativamente a performance financeira nos próximos 12 meses. É o que aponta a edição 2017 do Global Banking Outlook, estudo da Ernst & Young (EY) que ouviu executivos de quase 300 instituições financeiras ao redor do mundo sobre desafios e perspectivas para o setor.
Segundo a pesquisa, riscos e agenda regulatória seguem no topo da lista de aspectos que serão levados em conta na gestão de gastos ao longo do próximo ano. O levantamento também mostra que os maiores bancos do mundo estão começando a pensar em como melhorar o desempenho financeiro por meio do crescimento ou otimização de suas operações.
As implicações do Brexit para o Reino Unido e a União Europeia, as dúvidas sobre o futuro da regulação bancária nos EUA após a eleição de Donald Trump e a demora em definir as regras de Basileia IV em decorrência da resistência dos bancos europeus, fizeram de 2017 um ano cheio de incertezas para os bancos.
O ano passado foi marcado pela baixa rentabilidade registrada por bancos nos mais diversos países. Mesmo nos mercados emergentes, os resultados deixaram a desejar, em resposta ao fraco crescimento econômico global. Em 2017, a tendência é que esse cenário se inverta, especialmente para bancos dos EUA, que devem se beneficiar do aumento da taxa básica de juros e da recuperação da confiança dos consumidores e das empresas após o resultado da eleição presidencial. Entretanto, a sustentabilidade dessa tendência de retomada e até que ponto instituições financeiras de outras economias desenvolvidas irão se beneficiar dessas melhorias segue incerto.
“Mesmo em um cenário em que o principal desafio para os bancos seja como melhorar o desempenho financeiro em um ano com tantas incertezas e tão pouco dinheiro para investir, nossa expectativa é que uma postura mais inovadora por parte das instituições financeiras ganhe força nos próximos meses” afirma Rafael Schur, sócio de consultoria da EY para o mercado financeiro.
Para ajudar os bancos a fazer frente aos desafios que os aguardam, o Global Bank Outlook 2017 sugere que sejam tomados passos no médio e longo prazo em cinco áreas específicas:
- Remodelação– repensar estruturas organizacionais básicas, incluindo M&A nas estratégias, e pensar em novas formas de aumentar a rentabilidade em resposta a pressões regulatórias e de mercado.
- Controle – garantir que risco e desempenho financeiros sejam cuidadosamente levantados, medidos, validados e reportados.
- Proteção – enfrentar, de forma global, as ameaças à continuidade do negócio oriundas tanto de agentes internos quanto externos, incluindo crimes financeiros e cibernéticos.
- Otimização– adotar novas tecnologias e modelos de operação para fazer frente aos desafios relacionados à compliance, experiência do cliente e pressão por aumento das margens.
- Crescimento – recuperar o crescimento rentável em uma época de expectativa dos clientes elevadas e entrada de mercado de concorrentes não tradicionais.
De acordo com Schur, para executarem de forma bem sucedida as estratégias em cada uma das áreas citadas acima, os bancos precisarão mudar a forma como pensam e operam. “Inovação será mais do que necessária para que os bancos promovam melhorias significativas de desempenho”.
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