2015 foi um ano intenso para a indústria farmacêutica no que diz respeito a fusões e aquisições. As operações realizadas de janeiro a dezembro movimentaram mais de US$ 300 bilhões, um novo recorde para o setor. O recorde anterior era de 2014, quando o valor dos negócios ultrapassou US$ 200 bilhões. A maior parte dessa movimentação foi protagonizada por empresas que buscaram concentrar a atuação em algumas áreas e reduzir lacunas persistentes de crescimento de receita.
As informações fazem parte do “Firepower Index and Growth Gap Report 2016” levantamento realizado pela Ernst & Young (EY) que mede a capacidade das empresas farmacêuticas em financiar fusões e aquisições com base na força de seus balanços e sua capitalização de mercado.
Em 2016, a retomada do foco das políticas de precificação baseadas no valor dos medicamentos, a acirrada competição em segmentos chave de tratamento e a consolidação da influência dos compradores podem agravar as lacunas de crescimento existentes. Como resultado, pode-se esperar um ambiente de negócios bastante aquecido para fusões e aquisições, que deve se prolongar no médio prazo.
Embora não haja previsão de realização de mais negócios de grande porte, acima de US$ 100 bilhões, a expectativa é que o ritmo acelerado de aquisições se mantenha e que o movimento de desinvestimento continue, uma vez que as empresas seguem em busca de maior foco e ganho de escala em determinadas áreas.
“Três vezes mais companhias dispõem, hoje, de pelo menos US$ 3 bilhões para investir em fusões e aquisições do que há um ano. Isso significa maior competição por ativos, bem como uma lista maior de aquisições em potencial por meio de desinvestimento. As empresas de grande porte, em particular, devem aproveitar a participação relevante em suas áreas de atuação para obter, de forma agressiva, mas estratégica, negócios que preencham lacunas de portfólios e pipelines”, diz Sergio Almeida, sócio da área de Transações da Ernst & Young (EY).
Apesar de as companhias de grande porte começarem a crescer graças ao sucesso de projetos de P&D em áreas como onclologia e doenças infecciosas, muitos dos maiores players do setor continuarão recorrendo às fusões e aquisições para alcançar as metas de crescimento traçadas, com o foco em aquisições e desinvestimentos assumindo um papel fundamental nesse cenário.
De olho em 2016
Embora as companhias farmacêuticas continuem a se beneficiar do atual período de aumento na aprovação de novas drogas, o levantamento feito pela EY identifica diversos desafios para a indústria e considerações que devem guiar as operações de fusão e aquisição a partir de 2016
Consolidação de contribuintes devem impulsionar fusões e aquisições – os principais contribuintes das fusões e a continuidade da consolidação entre gestores de benefícios farmacêuticos têm ganhado influência nas negociações. Como resultado desse processo, as empresas farmacêuticas e de biotecnologisa podem enfrentar com novos desafios para o aumento das vendas, precisando apelar para fusões e aquisições como um meio de usar seu “poder de fogo” para eliminar lacunas de crescimento.
Desinvestimentos devem continuar – as operações de desinvestimento representam hoje cerca de 25% do valor levantado com fusões e aquisições. Em 2015, empresas que realizaram desinvestimento geraram mais “poder de fogo” do que seus pares que não negociaram ativos não estratégicos e trouxeram maior retorno acionário para os investidores. Como os portfólios continuam a se transformar, desinvestimentos devem manter sua representatividade no cenário de fusões e aquisições em 2016.
Empresas de biotecnologia vão começar a fazer negócio – em função da pressão dos pacientes e da competição no campo terapêutico, o capital relacionado às operações de fusão e aquisição envolvendo empresas de biotecnologia deve superar os US$ 25 bilhões registrados em 2015. Além disso, as empresas de grande porte alcançaram valor e market share recorde no ano passado, criando as bases necessárias para um ambiente de negócios aquecido em 2016.
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