Quais mudanças nas atitudes e comportamentos dos consumidores influenciarão na escolha dos carros no futuro? Um estudo da empresa alemã de pesquisas de mercado GfK aponta doze grupos de tendências: Segurança, Ecocidadania, Redefinição de Valor, Experiência, Casa para Lar, Satisfação, Consumo Consciente, Sentimento de Bem-Estar, Presente em Toda Parte, Somos todos influenciadores agora, Aerodinâmico e Identidade.
“Mundialmente, o consumidor quer pagar mais por produtos e serviços que façam com que ele se sinta mais seguro, não só fisicamente, mas com ‘paz de espírito’. As empresas terão que provar, cada vez mais, que podem oferecer isso. E deverá ser segurança com praticidade, já que o mundo acelerado faz com que as pessoas premiem companhias que as ajudem a economizar tempo. Aliás, como boa parte do tempo é passada dentro do carro, é preciso pensar em como tornar essa permanência mais agradável, disponibilizando recursos que diminuam o impacto do ato de dirigir sobre o corpo e a mente, como bancos com massageador”, ressalta Don Deveaux, líder global do Setor Automotivo da GfK.
“As pessoas querem se conectar com outras que têm a mesma paixão e uma ideia é que os fabricantes apoiem a criação de clubes e ‘aventuras’ onde os proprietários participam de atividades trocando histórias sobre seus amados veículos, como fez a Jeep com os entusiastas do jipe. Além disso, se podemos colocar cada dia uma capa diferente no nosso smartphone, por que não podemos fazer o mesmo com nosso carro? A necessidade que o consumidor tem de cocriação é algo que as empresas devem levar a sério. Ele quer um carro que reflita quem ele é, então, poderíamos pensar em automóveis que se adaptem ao humor, número e tipo de passageiros, dia e localização. Isso poderia ser refletido em mudanças na iluminação, firmeza do assento, música, cheiros, etc.”, completa Deveaux.
Tendências Mundiais x Consumidor Brasileiro
Três tendências, entre as doze levantadas pelo estudo mundial, têm maior peso no Brasil: Satisfação, Redefinição de Valor e Ecocidadania, como explica Meire Waki, diretora da área de Automotivo no Brasil e Líder Regional do Setor na América Latina da GfK.
Satisfação: Os consumidores brasileiros tendem a enfatizar o seu poder de compra e se mostram altamente dispostos a migrar de marca caso não fiquem satisfeitos com um produto ou serviço. Os consumidores querem ser tratados “como reis” pelas empresas e recompensam com fidelidade às empresas que atendem ou superem suas expectativas. “O que sabemos, mas esquecemos, é que satisfação é percepção. Brasileiros buscam novas experiências com as marcas que propiciem diversão e entretenimento, e desejam sentir-se recompensados: 51% concordam que ‘é importante fazer o que me satisfaz regularmente’, versus 40% média mundial e 25% média norte-americana. É crucial recompensar o consumidor, não só financeiramente, mas também proporcionando momentos de realização, por exemplo, gerando surpresa e encantamento no produto, no momento da compra, na entrega e no ambiente online”, destaca Meire.
Redefinição de Valor: Os consumidores brasileiros conhecem cada vez mais o custo real dos produtos e buscam o melhor retorno para seus gastos. Querem exercer o direito de escolha, ter flexibilidade para decidir sobre os itens do veículo e montar o produto que desejam, sem precisarem pagar por supérfluos, mas também são consumidores que gastam um pouco mais quando percebem valor no produto. Essa visão pode e deve ser comunicada pelo segmento automotivo, por exemplo, oferecendo pneus que durem mais ou resistentes a furos, mesmo que custem um pouco mais. Marca continua sendo importante para os brasileiros: enquanto a média global fica em 20% dos entrevistados, no Brasil é de 32% e nos EUA 11%. Qualidade é prioridade: 45% dos brasileiros dizem sim à pergunta “prefiro ter menos itens, mas de melhor qualidade” versus 39% de consumidores globais e 34% de norte-americanos.
Ecocidadania: No Brasil, mais do que globalmente, os consumidores se importam com o meio ambiente. Os brasileiros esperam que governo e indústria assumam a liderança em relação ao meio ambiente. Sobre a questão “as empresas devem agir de forma responsável para com o ambiente”, 83% disseram concordar, no Brasil, e 74% em outros países. “Somos o grupo mais preocupado com o meio ambiente e investimos dinheiro onde percebemos valor quando se trata de comportamento ‘verde’. Ser ‘verde’ é símbolo de status e os fabricantes precisam saber que na hora de fazer a escolha, o consumidor brasileiro vai levar isso em conta. Esse fator será cada vez mais importante e com o passar do tempo se tornará básico. Nesse cenário é fundamental que a indústria abrace o ‘pensamento verde’”, alerta a diretora da GfK.