A Europa não está livre de enfrentar uma nova crise bancária de grandes proporções, similar ou pior à verificada em 2009. Um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), sobre a situação da Europa, dos Estados Unidos e da China no contexto da crise internacional, aponta para tempos difíceis que podem agravar a atual instabilidade financeira na região.
Conforme o Ipea, as taxas de crescimento econômico previstas para a Europa são modestas, não ultrapassando 2% ao ano, até 2013. Da mesma forma, ó PIB em 2011 ainda deve ser menor do que o verificado em 2008 quando medido a preços constantes. A situação mais dramática se encontra nos PIGS (grupo de países formado por Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha).
A maior crise desde a criação da União Europeia, cujo epicentro foram os Estados Unidos, atesta “os perigos da integração financeira desregulada”, conforme o Ipea. Os efeitos da crise ainda serão sentidos pela economia europeia nos próximos anos devido às medidas severas de ajuste fiscal, que restringem o crescimento da demanda agregada, agravadas pelo clima político instável.
“Mesmo que a estratégia seja bem sucedida em acalmar o ânimo dos mercados financeiros no curto prazo, a situação da Europa continuará crítica ainda por vários anos. Primeiro porque todas as saídas em discussão envolvem aprofundar ainda mais o já excruciante ajuste fiscal nos referidos países, com implicações políticas muito negativas. Segundo porque nenhuma das causas originais do problema (modelo econômico infeliz, integração financeira desregulada, dificuldades de coordenação entre as políticas macro etc.) está sendo atacada”, afirma o relatório.
Para os Estados Unidos, as previsões são bem menos pessimistas. A atual recessão econômica associada à crise política no país deve se estabilizar graças ao programa governamental de saneamento dos ativos bancários. Segundo o Ipea, “o sistema financeiro americano não parece correr riscos de uma crise sistêmica”.
O cenário de baixo crescimento nos países centrais deverá ser acompanhado por uma certa desaceleração nos países em desenvolvimento, embora com manutenção de níveis elevados, liderados pela China. Até 2013, o país asiático deverá aumentar ainda mais a sua contribuição para o PIB global, passando dos atuais 17,1% para 20,3%, estima o Ipea.