Em um encontro intimista com representantes do empresariado europeu e a imprensa, Eduardo Jorge participou nesta quinta-feira (20) de um café da manhã no Club Transatlântico, em São Paulo. A reunião faz parte da série “Eleições 2018”, promovida pelo Club em parceria com a Eurocâmaras.
Eduardo Jorge é ex-deputado, médico sanitarista e é o vice escolhido por Marina Silva nas eleições de 2018 pela Presidência. Entre as propostas de governo da chapa, Eduardo listou alguns destaques, como a abertura do Brasil para o comércio exterior, recomposição da segurança política e econômica e reformas nas áreas da educação, previdência e saúde. A saúde, aliás, é um dos pilares do projeto de governo da dupla.
Eduardo defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS), maior sistema universal de saúde do mundo, mas ressaltou que é preciso destinar mais recursos para que a população tenha um atendimento de melhor qualidade. “Tudo o que já foi feito de bom, foi feito com uma verba de apenas R$ 3,50 por pessoa por dia. Precisamos fazer uma reorganização do sistema de saúde para poder avançar mais do que já avançamos”, disse.
O candidato também comentou a atual conjuntura política brasileira e teceu críticas contundentes ao sistema democrático brasileiro, que nomeou como falido. “O sistema político brasileiro é frágil e imperfeito, pois mantivemos muitos vícios da ditadura, principalmente a centralização do poder político. Tudo fica concentrado em Brasília. É preciso que os representantes eleitos fiquem mais perto dos cidadãos. No entanto, o que temos hoje é um sistema político que faz com que os representantes estejam distantes, encastelados e de costas para a população. Neste cenário em que Brasília é macrocéfala e os municípios pedintes, paupérrimos, o presidente torna-se quase um imperador”, declarou. “Uma das coisas mais graves da política brasileira é a existência do político profissional. O sujeito entra na política e não sai mais”, afirmou, completando que defende o fim da reeleição, para que a política brasileira seja de fato renovada.
Para Jorge, a crise econômica enfrentada pelo País é resultado da perigosa combinação do “aventureirismo” e das imprudências econômicas dos partidos ao cenário de partidos desmoralizados.
Sem se esquivar de polêmicas, Eduardo lamentou que a discussão política esteja permeada de ódio. “Vivemos um momento de desapreço pela democracia, em que impera a dificuldade de conviver com o diferente. O adversário político não é meu inimigo”, declarou, completando: “O PT e o Bolsonaro são faces da mesma moeda. Neste cenário de ascensão da extrema direita e da extrema esquerda, o Brasil precisa de uma liderança que promova o diálogo.”
Durante o encontro, Jorge comentou ainda a estratégia de alguns candidatos de incentivo ao chamado voto útil. A expressão é usada para descrever a situação quando o eleitor vota em um candidato que não é de sua preferência para evitar que outro adversário vença a eleição. A poucos dias do pleito os candidatos empatados em segundo lugar na disputa pela Presidência decidiram antecipar a estratégia do voto útil para assegurar uma vaga na próxima etapa da campanha. “Não posso mudar minha estratégia e abandonar meus princípios. No primeiro turno, é preciso votar com o coração. Depois, pode-se votar com a razão. Sou contra a ideia imediatista do brasileiro. É preciso defender princípios”, afirmou.
Foto: AHK São Paulo