Mercado alimentício brasileiro conquista alemães


O setor alimentício brasileiro oferece muitas oportunidades para empresas estrangeiras e parece ter conquistado empresários alemães. Além de participarem da APAS 2012 – 28º Congresso e Feira de Negócios em Supermercados, o grupo de representantes de 19 companhias daquele país visitou mercados na capital paulista e ficou satisfeito com o que viu. 



Segundo o representante do departamento de Feiras do Ministério Federal de Alimentação, Agricultura e Defesa ao Consumidor da Alemanha (BMELV), Axel Wildner, "os empresários ficaram impressionados com a variedade da estrutura dos supermercados e da oferta de produtos". Outros fatores que chamaram bastante atenção do grupo foram a qualidade dos alimentos e o atendimento "atencioso e focado no consumidor" que eles observaram nas lojas brasileiras.



"Eu acredito que o que vimos e conhecemos nos últimos dias tem um efeito motivador sobre as empresas", comentou Wildner, apostando que as experiências e conhecimentos obtidos durantes as visitas servirão como impulso para o empresariado alemão em geral.



O representante do governo alemão afirmou que o Brasil oferece oportunidades para todos os setores da indústria alimentícia, desde produtores de cervejas e chocolates, até para a comercialização de produtos derivados do leite, como iogurte e molke (bebida produzida a partir do líquido que sobra da produção do queijo), uma das especialidades alemãs. No entanto, ele lembrou que as dificuldades para exportar para o Brasil ainda são muitas e o processo de licenciamento de produtos estrangeiros pode demorar até dois anos.



Wildner observou também que já existe uma grande variedade de produtos europeus nas prateleiras, mas ressaltou que os alemães querem recuperar o tempo perdido e aumentar sua presença no País. "No mercado brasileiro não queremos ter somente especialidades alemãs exclusivas para um nicho, mas também muitos produtos para as massas, tal como os pães, queijos e cervejas, que satisfazem todos os gostos", complementa o consultor e secretário da Associação Alemã de Pesquisa de Sabores e Aromas, Prof. Dr. Berhard Tauscher.



Estande alemão na APAS



Pães



Segundo Tauscher, a Alemanha possui mais de 300 tipos de pães, utilizando diversos tipos de farinhas, sementes e grãos. Desde o ano passado, a importadora de alimentos Das Brot se dedica exclusivamente a trazer pães e doces tradicionais da fornecedora alemã Back Shop, existente desde 1998, ao Brasil.



Participando como expositor no estande alemão na APAS, Tiago Turatto, administrador da Das Brot, afirmou que “do ponto de vista da Alemanha, o Brasil tem um potencial muito expressivo no segmento de alimentos premium, o que gera cada vez mais estímulos para o crescimento da exportação desse tipo de produto”.



Aproveitando o bom momento de negócios no País, “o objetivo da empresa agora é fortalecer a marca e buscar representantes para distribuir os pães importados em outras cidades brasileiras e, quem sabe, nos demais países da América do Sul”, ressaltou Turatto.



Segundo a companhia, seus maiores compradores de pães e doces de alta qualidade são hoteis de luxo, de quatro e cinco estrelas, além de empórios de alimentos e delicatessens, principalmente na região Sudeste. Produtos tradicionalmente germânicos, como o Brezel, um tipo de pão em forma de nó, pães com centeio e a torta de maçã, são os preferidos dos clientes nacionais.



Geleias



Especializada em geleias de frutas, a Schwartau fornece seus produtos para diversos países da América Latina além do Brasil, como Chile, Argentina e Uruguai. “Com grandes eventos acontecendo no Brasil, como a Rio+20 e a Copa do Mundo de 2014, o País está se tornando muito atraente para a entrada de produtos estrangeiros sofisticados e isso cria uma dinâmica positiva na economia”, avaliou Jens Diersen, Chefe do Departamento de Exportação da Schwartau.



A companhia aponta São Paulo e Santa Catarina como os maiores mercados das geleias e barras de cereais alemãs, mas segue analisando outras regiões que possam concentrar consumidores em busca desses alimentos.



Em relação às dificuldades existentes na hora de exportar produtos alimentícios para o Brasil, um dos maiores entraves “é a dificuldade de mostrarmos nossos produtos a grandes cadeias de supermercados, como Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour, que raramente participam de feiras do segmento, como a Apas”, explica Diersen.



Salsichas, cervejas, chocolates e mais variedades



Salsichas alemãs em conserva, pães integrais, marzipãs – doces preparados com pasta de amêndoas –, sortimentos de chocolate e pão de mel, cervejas e vinhos alemães são alguns dos produtos que a importadora brasileira Stuttgart traz aos supermercados e lojas nacionais.  A escolha por distribuir somente produtos alemães se deu pela experiência da fundadora da empresa, Hanna Hirt-Duebbers, cuja família é da Alemanha.



“Em 1993, quando começamos, não existiam muitas importadoras de alimentos finos no País, então considero que foi um bom momento para entrarmos no mercado. A procura por produtos de qualidade diferenciada existe há um bom tempo por aqui, e depende da abrangência da empresa conseguir atender a toda a demanda de clientes no território”, explicou Hirt-Duebbers.



Para estreitar o relacionamento com os consumidores e com novos clientes, a diretora da Stuttgart acredita no potencial das feiras internacionais do mercado alimentício. “Eventos nacionais, internacionais e alemães desse setor são oportunidades para os compradores degustarem nossos principais produtos, o que gera uma aproximação com o público. Também é ideal para conhecer novos parceiros e expandir ou complementar os negócios”, disse a empresária.

AHK / Wagner Chugaste
AHK / Wagner Chugaste