A cultura organizacional representa o conjunto de hábitos, crenças e valores que são compartilhados dentro da empresa bem como determina as prioridades do expediente. Há uma forte relação entre cultura e liderança organizacional, todavia, despercebida.
O líder é o principal responsável por influenciar os demais colaboradores da empresa, direcionando-os no desenvolvimento de competências de gestão importantes ou competências específicas. Além disso, é comum que seus erros e acertos sejam reproduzidos em seu time de trabalho. A questão-chave é: como usar essa grande influência para engajar os funcionários na cultura da empresa?
Qual a importância da cultura organizacional?
Segundo Peter Drucker, pai da administração moderna, “a cultura devora a estratégia no café da manhã”. Isso significa que, por melhor se seja a estratégia de atuação, sem uma cultura sólida, a empresa não será capaz de atingir seus resultados e crescer. E vemos isso constantemente, empresas diferentes, mas do mesmo segmento de atuação e concorrentes entre si, com resultados tão dispares.
No livro O que (realmente) funciona: as melhores práticas de empresas de sucesso, de William Joyce e outros autores, 160 organizações foram acompanhadas por 10 anos. O objetivo era entender como elas alcançavam o sucesso no longo prazo. Em resumo, os autores identificaram quatro práticas, sendo a cultura uma das principais.
Toda companhia tem uma cultura, o problema é que algumas não são bem definidas (como uma ameba, sem forma) ou até tóxicas. Nesses casos, a cultura pode atrapalhar a performance, ofuscar as prioridades diárias e até desmotivar a equipe de trabalho.
Por outro lado, há empresas com culturas sólidas, bem disseminadas em cada área e nível do ambiente de trabalho. Segundo O’Reilly, existem 7 tipos de cultura, como a agressiva, inovadora, estável, orientada às pessoas, resultados ou detalhes.
Considerando tudo isso, percebe-se que a cultura é uma espécie de DNA responsável por distinguir o negócio de todos os outros e agregar sentido ao trabalho. No mais, ela permite alcançar um sucesso duradouro, diferenciando a empresa no mercado e gerando valor aos investidores. Mas, para transmiti-la aos talentos, é preciso contar com o protagonismo da liderança.
Como o líder pode engajar os funcionários com a cultura?
Não basta que o líder de equipe entregue bons resultados mês após mês. Ele também deve abraçar os valores da empresa e garantir que os colaboradores façam o mesmo. Desse modo, a cultura será fortalecida e estimulada. Agora, entenda como.
Avaliação com base nos valores
Em primeiro lugar, é necessário apostar em uma nova dinâmica de avaliação. Os talentos geralmente são analisados com base nos resultados entregues (e isso é bom), no entanto é preciso considerar também o seu comprometimento com os valores da empresa.
Jack Welch, ex-CEO da GE, costumava avaliar o alinhamento dos funcionários com base em cada valor da empresa com notas de 0 a 10 e só depois o desempenho deles. Esse modelo de avaliação ficou conhecido como “Os 4 colaboradores de Jack Welch”.
Reuniões do tipo one-to-one
Outro ponto importante é gerar feedbacks aos trabalhadores, informando os pontos positivos, negativos e gerando uma perspectiva para o futuro (chamado feedforward). Todavia, é interessante apostar em um modelo de reunião mais leve e individual.
Nesse caso, a reunião one-to-one (um para um, em português) é a mais indicada. O objetivo é criar um ambiente leve, onde o líder possa conversar com o talento, fazer críticas construtivas e ouvir o que ele tem a dizer. Desse modo, ambos saem beneficiados.
Comunicação interna empresarial
A própria comunicação diária é importante para transmitir os valores certos e manter toda a equipe de funcionários bem alinhada. É preciso garantir que as informações sejam cascateadas até chegar ao receptor e que os ruídos sejam eliminados.
Há uma série de práticas e ferramentas que podem melhorar o diálogo entre líder e liderado. É importante, por exemplo, implementar novos canais de comunicação interna — como murais de recados, aplicativos mobile e softwares especializados.
Reconhecimento pelos resultados
O reconhecimento é um estímulo importante. Quando um talento é reconhecido por seu superior imediato, sabe que está fazendo a coisa certa e que deve fazer mais do mesmo. Sendo assim, o líder pode estimular ou eliminar certos comportamentos.
Entretanto, é preciso ir além, recompensar os talentos pelo alinhamento cultural. Sendo assim, aqueles que são assíduos ao trabalho, íntegros, possuem um forte espírito de equipe e abraçam outros valores da empresa devem ser premiados pela liderança.
Desenvolvimento de competências específicas
É importante desenvolver os colaboradores em relação à cultura que deseja fortalecer. Existem muitos tipos de treinamento e um dos principais é o institucional. Nele, se compartilha informações sobre a história, missão, visão e valores da empresa.
Se o objetivo é reforçar a orientação aos clientes, por exemplo, então é preciso promover treinamentos sobre atendimento, negociação e experiência de consumo. Mas, se o intuito é focar em resultados, treinamentos sobre metas e indicadores fazem mais sentido.
Liderança baseada no exemplo
A última dica é, também, uma das mais importantes para engajar os funcionários na cultura. Cada líder deve ser um exemplo diário, transmitindo exatamente o que deseja ver nos colaboradores. Ou seja, além de falar, é preciso fazer no dia a dia!
Um líder exemplar entrega resultados pessoalmente, abraça os valores da empresa, submete-se à liderança, ouve os outros funcionários, é o primeiro a chegar e o último a sair. Agindo assim fica muito mais fácil estimular e encorajar todo o time de trabalho.
O gestor precisa desenvolver-se continuamente?
Agora que entendemos a importância da cultura e como o líder pode engajar sua equipe de trabalho, é preciso destacar que ele deve se aprimorar continuamente.
Quando o gestor para de crescer, sua equipe também para e toda a organização é prejudicada. Isso acontece porque o líder é o exemplo, o espelho do time. Por essa razão, é importante participar de cursos, palestras, workshops, entre outros eventos.
De igual modo, é preciso que o gestor tenha metas pessoais de crescimento, isto é, objetivos para o futuro. Assim, ao longo de sua jornada dentro da empresa, pode somar novas competências, reforçar a cultura e gerenciar os demais funcionários com eficácia.
Divulgação: Kienbaum