Apesar de indicadores recentes apontando uma melhora na estabilidade econômica da zona do euro, as pequenas e médias empresas alemãs (PMEs), também chamadas de Mittelstand, estão sentindo cada vez mais os efeitos negativos da crise no Sul da Europa. De acordo com o último Barômetro do Mittelstand Alemão, da Ernst & Young – feito entre dezembro de 2012 e janeiro de 2013 com 3 mil PMEs –, 45% dessas empresas reportaram declínio de receitas em função da crise, contra 30% em agosto de 2012.
Uma a cada dez disse estar focada na sobrevivência do negócio, e quase um terço delas (31%) acredita que sua existência estará em risco caso a economia europeia não melhore nos próximos seis meses. O estudo revelou também que o número de negócios que informaram receitas “boas” caiu de 53% há seis meses para 39% hoje, e 15% deles disseram que sua margem de lucro era “insuficiente”, comparativamente a 8% em agosto – é a maior taxa desde o início de 2010.
Por outro lado, apesar das expectativas sombrias quanto ao próprio negócio, as PMEs estão significativamente mais otimistas sobre o futuro da economia alemã do que há seis meses. O número daquelas que responderam estar mais confiantes, que subiu de 11% para 28%, é agora maior do que o daquelas se sentido menos confiantes – 23%, contra 45% em agosto. Apesar da incerteza em relação tanto à Alemanha quanto à Europa como um todo, 24% das PMEs disseram ainda estar buscando aprofundar o crescimento.
Emprego
A falta de confiança nos próprios negócios também impacta o mercado de trabalho alemão, na medida em que o número de empresas no Mittelstand que planejam aumentar sua força de trabalho caiu em comparação à metade de 2012 – de 22% para 18%. Uma a cada sete companhias (14%) planeja reduzir o número de empregados, contra 9% há seis meses.
“Em função da perspectiva econômica incerta, as companhias estão mais cautelosas em relação à sua estratégia de recrutamento e, em vez de investir em contratações, estão se preparando para uma nova retração nos negócios. A redução de custos é que deve estar na agenda dos empresários. O boom do mercado de trabalho alemão provavelmente acabou no momento”, afirma Peter Englisch, diretor de negócios familiares para Europa, Oriente Médio, Índia e África na Ernst & Young.
Estabilidade
O número de PMEs que reporta seus negócios como “muito estáveis” caiu de 30% em agosto de 2012 para 23%, o menor nível desde julho de 2009. Em contraste, 11% das empresas disseram que seu estado era “crítico”.
Em muitos casos, a situação é agravada pela percepção da relutância dos bancos em fazer empréstimos às PMEs – 16% reclamaram que está mais difícil obter um empréstimo, e 7% disseram estar mais fácil.
Piora na crise
Enquanto pesquisas recentes sugerem uma bem-vinda estabilidade à zona do euro, as pequenas e médias empresas alemãs claramente não estão convencidas. Quase três quartos delas antecipam que o pior da crise ainda está por vir, e 30% acreditam até mesmo que o euro possa quebrar. Além disso, a grande maioria (81%) tem a opinião de que, por fim, a Alemanha também terá que pagar um preço considerável pelas dívidas dos outros países da eurozona.