Até o final deste ano, deverá ser entregue à administração do Porto de Santos um projeto para a reestruturação do terminal, formulado por um grupo de empresas alemãs, com apoio do governo daquele país. Além da modernização do terminal, o projeto abrange todo um conceito logístico que pretende facilitar o escoamento dos contêineres e o transporte na região.
Após a entrega do relatório, caberá à Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP) e ao governo federal decidirem qual das propostas será mais viável – a construção de um túnel ou um trem de carga para superar os 800 metros de altitude que separam a Baixada Santista da capital paulista. Isso definido, terá início o trâmite para abertura de licitação e definição de modelo de financiamento. O secretário do Ministério do Transporte, Obras e Desenvolvimento Urbano da Alemanha, Rainer Bomba, que tem intermediado as conversas há cerca de 18 meses, afirma que o andamento, a partir de agora, dependerá das decisões do lado brasileiro.
“Nós nos comprometemos em fazer a avaliação e a desenvolver o projeto. Tudo isso foi feito sem custos para os parceiros no Brasil. Agora, os administradores do Porto de Santos e o governo precisam sentar, definir qual solução será adotada e então abrir uma licitação para as obras. O que eu posso sugerir é que tudo seja feito o mais rápido possível”, disse em entrevista ao Brasil Alemanha News durante o Encontro Econômico Brasil-Alemanha, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (20).
A urgência se justifica em números: atualmente, Santos movimenta 95 mil toneladas/ano e estima-se que em 2024 esse volume chegue a 230 mil toneladas/ano. O número de contêineres passará dos atuais 3 milhões para 10 milhões no mesmo período. “O gargalo principal é a infraestrutura. As estradas do Estado estão sobrecarregadas pelo fluxo de caminhões e de veículos de carga e o Porto não pode mais esperar por uma solução”, comentou Bomba.
Segundo o secretário, o projeto deverá contemplar um sistema multimodal, que integre o porto às estradas, trilhos e hidrovias. Ele garante que o sistema será totalmente novo e, portanto, não impedirá o tráfego quando as obras forem iniciadas. Bomba afirmou ainda que aspectos de sustentabilidade estão sendo considerados e que “o Porto de Santos deverá ser o único do mundo com emissões zero de CO2”.
No entanto, as obras devem demorar mais de um ano para começar a sair do papel, considerando o tempo necessário ainda para a licitação.
A exemplo de Santos, outros terminais portuários brasileiros demonstraram interesse em firmar parcerias com as empresas alemãs, organizadas pela delegação chefiada pelo secretário Bomba. “Recebemos convites de diversos portos brasileiros. Em breve nós iremos a Recife, ao porto de Suape. Em março deste ano, tivemos um primeiro contato com eles, que foi muito positivo, e eu tenho certeza de que podemos fazer uma boa parceria”, disse.