Uma preocupação em particular une empresas ao redor do mundo: que seus negócios sejam paralisados devido a uma força maior. Interrupções das operações e da cadeia de suprimentos, desastres naturais e incêndios e explosões são os maiores riscos que se colocam diante das companhias em 2013, de acordo com um estudo da Allianz realizado em 28 países. Mudanças regulatórias ou relacionadas ao mercado também representam riscos importantes aos negócios. Na Alemanha, as indústrias se preocupam com deficiências na qualidade e perda de reputação, enquanto que as empresas de médio porte estão mais voltadas à falta de mão de obra e aos recursos financeiros.
O levantamento para o Barômetro do Risco da Allianz foi conduzido no final de 2012 e reuniu opiniões de 529 especialistas em seguros dos ramos industrial e corporativo da Allianz acerca dos riscos mais importantes que as empresas de determinados setores enfrentam em 2013.
“As organizações globais operam, hoje, em um cenário de riscos complexos que combina fatores tradicionais, como incêndios, com riscos ultramodernos, como interrupções na cadeia de suprimentos e crimes cibernéticos”, afirma Axel Theis, CEO da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS), a divisão de seguros corporativos e industriais da Allianz.
Os especialistas entrevistados elencaram as interrupções das operações e da cadeia de suprimentos como os maiores riscos aos negócios, com 46% das respostas. Ao escolher utilizar cadeias globais de suprimentos para reduzir custos, muitas empresas carecem de fornecedores alternativos. “As inundações na Tailândia mostraram que a interrupção em um fornecedor-chave pode causar um efeito cascata sentido em todo um setor industrial”, explica Volker Münch, especialista em seguros de propriedade da AGCS.
Desastres naturais e fogo
Em muitos casos, as interrupções nas operações sãos causadas por desastres naturais, o segundo maior risco apontado pelo levantamento, com 44% das respostas. Embora 2012 tenha sido um ano relativamente moderado em termos de catástrofes – com exceção do furacão Sandy –, isso não é razão para tranquilidade: “Reivindicações de seguros causadas por desastres naturais cresceram 15 vezes nos últimos 30 anos. E elas continuarão a crescer, devido ao aumento dos ativos segurados na Ásia, em particular, e à mudança atual em direção ao desenvolvimento em regiões costeiras de alto risco”, explica Markus Stowasser, meteorologista na Allianz. Segundo ele, também a Europa pode esperar extremos climáticos mais frequentes, como temporais pesados.
O estudo chama atenção para o fato de que um “risco antigo” aparece surpreendentemente nas primeiras posições da agenda corporativa: fogo e explosões foram elencados como terceiro risco mais importante. Os incêndios são relativamente raros, mas podem ser causas de requerimentos altos de seguros em relação à propriedade e a interrupções nas operações, especialmente nas indústrias manufatureiras. As estatísticas de sinistros da AGCS falam por si mesmas: de sete grandes sinistros industriais que superaram os €10 milhões em 2012, seis foram causados pelo fogo.
Preocupações com o selo de qualidade “Made in Germany”
O terceiro maior risco identificado pelos especialistas entrevistados na Alemanha, especialmente em relação às grandes indústrias, são as deficiências de qualidade e os defeitos em série. “A marca ‘Made in Germany’ continua sendo um importante sinal de qualidade em indústrias como a automobilística e de engenharia. Por essa razão, problemas de qualidade e defeitos de design que afetem grandes linhas de produção representam um risco sério para muitas empresas alemãs”, afirma Thomas Meschede, presidente de consulta de risco na AGCS da Alemanha. Intimamente ligado a isso está o receio da perda de reputação, que também figura entre os dez maiores riscos aos negócios para grandes organizações alemãs.
O quadro é um pouco diferente nas empresas alemãs de médio porte: para elas, a falta de talentos e uma força de trabalho que envelhece são pontuados como questões particularmente críticas. “As organizações de porte médio não têm o apelo e o potencial de desenvolvimento de carreira que as grandes marcas oferecem, as quais, por consequência, têm mais chances de atrair os melhores talentos”, diz Michael Krause, responsável pela área de responsabilidade corporativa na Allianz Versicherungs AG. Problemas de financiamento também causam dores de cabeça consideráveis às companhias médias alemãs, já que elas têm menos acesso a empréstimos bancários e ao mercado de capitais. Além disso, os especialistas da Allianz lembram que fraude e corrupção são questões mais críticas para as empresas de médio porte.
Falhas de TI e interrupções de energia
De acordo com os experts da seguradora alemã, as companhias levam alguns riscos muito a sério, mas subestimam outros largamente. Por exemplo, falhas de TI (Tecnologia da Informação) – causadas tanto por erro humano quanto por criminosos cibernéticos – podem levar a perdas econômicas grandes em uma economia crescentemente digitalizada. Apesar disso, somente 6% dos especialistas acreditam que seus clientes estão realmente cientes desse risco.
De maneira semelhante, o risco de blackouts de energia em grandes regiões aparece no radar de poucas empresas. “A confiabilidade do fornecimento de energia vai decair no futuro devido ao envelhecimento da infraestrutura e à falta de investimentos substanciais”, explica Michael Bruch, presidente da R&D Risk Consulting. Se um blackout ocorrer, os impactos são muito maiores hoje do que há 10 ou 15 anos, em função da grande dependência de tecnologias de informação e comunicação e à falta de preparação de parte das organizações.