UE e Mercosul discutem acordo comercial

A chegada ao Brasil, nesta segunda-feira (13), do comissário da União Europeia (UE), Karel De Gucht, parece dar um novo impulso às negociações do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a UE. No entanto, a boa vontade diplomática esbarra em diferenças básicas de interesses comerciais ligados, sobretudo, aos produtos agrícolas.


Para o cientista político, Christian Lohbauer, “existe uma desconexão total entre o discurso diplomático e a ação empresarial”. Enquanto lideranças políticas da UE e do Mercosul falam em integração comercial, o setor agrícola europeu se fecha à possibilidade de entrada de produtos como açúcar, carne bovina e carne de frango, vindos de países como Brasil e Argentina.


Em tempos de crise, afirma o especialista, é ainda mais difícil alcançar um consenso, pois há mais demanda por protecionismo por parte dos produtores europeus. Para Lohbauer, as negociações, que iniciaram há mais de uma década, não deverão ser finalizadas.


Negociações


O comissário europeu se encontrará no Brasil com os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e depois seguirá para a Argentina.


De Gucht afirmou, em nota, que vê grandes oportunidades para exportadores, investidores e prestadores de serviço da Europa no Mercosul nos próximos anos, dado o crescimento econômico da região. “Um acordo de livre comércio equilibrado poderia trazer benefícios importantes para ambas as partes e contribuir para a recuperação econômica”, destacou.


Retomadas em maio deste ano, as negociações para o tratado de livre comércio entre os dois blocos estavam suspensas desde 2004. Em junho, houve uma rodada de conversas em Buenos Aires e, em outubro, está programado um novo encontro em Bruxelas.

SXC
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