Nascida em Belém, Daisy Lima da Silva, de 37 anos, é um exemplo de liderança. Formada pela Marinha Mercante, ela está há 12 anos na Aliança Navegação e Logística, onde galgou degraus – 2º piloto, 1º piloto e imediato – para chegar, há três anos, ao posto de comandante do navio de cabotagem Sebastião Caboto.
Casada há dois com o Cte. Souza, do navio Bartolomeu Dias, a profissional se divide entre os 56 dias em mar, a visita à mãe no Pará e à sua casa em Fortaleza (CE), no período de folga. “Sempre tive bons exemplos e muito incentivo para crescer na profissão. A Aliança também nos apoia ao conciliar o meu período de trabalho a bordo com o mesmo do meu marido”, destaca Daisy.
A única comandante feminina da Aliança Navegação e Logística trabalha com uma tripulação de 19 homens na rota Manaus (AM) – Itapoá (SC). “No início da minha carreira profissional, havia uma certa desconfiança se você conseguiria realmente desempenhar aquele papel. Com tempo, você mostra que pode, ganha a confiança da equipe e conquista a admiração”.
Para a Cte., um dos principais desafios nesta função é gerenciar a emoção dos marítimos. “Há uma convivência muito forte, as pessoas compartilham histórias diferentes, querem ouvir a sua opinião. Você acaba exercendo um pouco de psicologia in loco”, comenta.
Com relação à saudade, a comandante diz que tenta superá-la com o contato via celular ou pela Internet. “É um jogo de xadrez emocional. Ao mesmo tempo que é bom ter notícias, a saudade também aumenta”.
Uma das experiências mais importantes na carreira de Daisy foi a sua atuação como imediato e comandante no então navio Aliança Energia, especializado em cargas de projeto, ou seja, cargas de grandes dimensões, que exigiam um cuidado todo especial tanto no embarque quanto no desembarque. “Atuar neste navio foi um presente que a Aliança me deu, pois conquistei uma maturidade muito grande”, emociona-se a Cte.
Para ela, o fato de ser comandante é uma grande responsabilidade, pois cabe a ela estimular que outras mulheres assumam cargos de liderança na navegação. “A Aliança conta, atualmente, com muitas profissionais competentes, que poderão ter uma ascensão importante nos próximos anos”.
Para quem deseja seguir a carreira marítima, Daisy dá uma dica: estudar muito. Como comandante, é preciso conhecer muito sobre a legislação brasileira, pois a Cte. assume o papel de “representante do dono do navio”, sendo responsável pela segurança da tripulação, da carga e do meio ambiente. “Para quem realmente quer se dedicar, as chances são muito boas para a liderança feminina”, complementa a Cte. Daisy.
Foto: Divulgação Aliança Navegação e Logística