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28 de novembro de 2025

Hydrogen Dialogue 2025: Maior congresso de hidrogênio verde da América Latina, debate desafios, projetos e tecnologias para cadeia de produção

Por Beatryz Turbiani e Mariana Lumy Teixeira

Foto: Divulgação/Hydrogen Dialogue

A infraestrutura de transporte e armazenamento, a descarbonização da indústria e os combustíveis do futuro foram os temas centrais de discussão da 4ª edição do Hydrogen Dialogue Latin America 2025.

Realizado em São Paulo no dia 26 de novembro, o evento reuniu autoridades, produtores, investidores, pesquisadores, operadores logísticos, grandes consumidores e demais stakeholders do setor de energia do Brasil e da Alemanha em torno da discussão de caminhos concretos para a aceleração da economia do hidrogênio e seus derivados, além de oportunidades para a transição energética.

Palco de intenso networking, o Hydrogen Dialogue é uma iniciativa da Hiria NürnbergMesse, Guia Marítimo e Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo).

No discurso de abertura do evento, Bruno Vath Zarpellon, Diretor Executivo de Desenvolvimento de Negócios da AHK São Paulo, explicou o papel estratégico do hidrogênio verde (H2V) no desenvolvimento sustentável do Brasil e destacou a participação da Câmara junto às associadas neste ecossistema.

“Existe um envolvimento muito forte do setor privado no desenvolvimento da cadeia do hidrogênio de baixo carbono, e não poderia ser diferente o papel-chave da Câmara Brasil-Alemanha nesse tema. De um lado alemão, nós temos tanto a tecnologia, quanto a parte de padrões, regulamentações e políticas. Aqui tem oferta de energia e recursos naturais que são necessários para desenvolver o mercado de hidrogênio verde. A Alemanha está como off-taker, e ao lado do Brasil é o match perfeito. Temos a oferta sendo apresentada, a demanda de tecnologias e a necessidade de recursos naturais que fomentam a cooperação dos países”, explicou Zarpellon.

Em seu discurso, o Diretor Executivo também relembrou que há cinco anos o foco do debate era a transformação nas estruturas e operações para a geração da H2V. Uma fase que, segundo ele, o País deixou para trás para, agora, transformar o planejamento em realidade. “À medida evoluímos, a gente passa a discutir cada vez mais sobre a parte de infraestrutura logística. Atualmente falamos muito sobre a aplicação, sobre a questão dos derivados, e se torna cada vez mais forte o hidrogênio como vetor da descarbonização industrial, que é algo que a Alemanha traz. É hora de ser pioneiro dentro da sua história”, disse.

Ainda na abertura do evento, Martin von Simson, CEO do Guia Marítimo; Fernanda Delgado, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde (ABIHV); e Vinnicius Vieira, Sócio da Hiria NürnbergMesse declararam a importância da parceria entre Brasil-Alemanha para o Hidrogênio Verde e reforçaram que o momento atual é decisivo para o Brasil se destacar como potência na sustentabilidade mundial.

No âmbito da cooperação das regiões, Zarpellon moderou um painel sobre como resolver as três questões cruciais para a construção da indústria de hidrogênio de baixo carbono no Brasil: regulação, logística e transmissão de energia. Durante o debate, o executivo ressaltou que a temática exige um processo de construção que se estenderá por anos, dada à complexidade de todo o ecossistema que envolve o H2V.

Em seguida, Francisco Paiva Avelino, Diretor do Departamento de Descarbonização e Finanças Verdes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; Alex Medeiros, Chefe de Núcleo do Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas (CPT) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); Leonardo Ferreira de Oliveira, Diretor de Programa da Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda; e Euler Martins Lage, Gerente de projetos da Casa Civil, pontuaram o papel esperado da cooperação internacional no apoio das políticas públicas para esse mercado e a importância de aproveitar o momento de destaque do Brasil por seu potencial significativo. O País atualmente é impulsionado por uma matriz energética predominantemente renovável, possui abundância de recursos naturais (eólica e solar) e um número crescente de projetos e investimentos no setor.

“É importante fazer o hidrogênio para exportar, mas temos a obrigação de utilizar no País para benefício nosso, em diversas indústrias, desde fertilizantes até cimento. É uma oportunidade que não podemos perder, precisamos investir e desenvolver na indústria para benefício da nossa sociedade”, explicou Lage.

Dados reforçam a fala do Gerente da Casa Civil. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, indica que o Brasil tem potencial para produzir até 1,8 gigatonelada de hidrogênio por ano. Ademais, uma das principais vantagens competitivas do País é sua matriz elétrica, majoritariamente renovável (cerca de 88%), com destaque para fontes hídricas, eólicas e solares. Isso permite a produção de H2V de forma mais limpa e competitiva em comparação com outras nações.

Ainda na parte da manhã, o segundo painel discutiu os caminhos dos projetos de produção de hidrogênio de baixo carbono no Brasil com Fernanda Delgado, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde (ABIHV); Luís Viga, Country Manager da Fortescue e Presidente do Conselho da ABIHV; Thiago Arruda, Vice-Presidente da European Energy; Elisa Figueiredo, Head of Carbon do Atlas Agro; Thiago Filipe de Matos, Gestor de Inovação em Hidrogênio e Descarbonização da Cemig; e Luciano Pavan Nassif, Presidente na ABB Brasil.

Os painelistas destacaram obstáculos enfrentados no atual contexto de busca pelo desenvolvimento da tecnologia de produção de hidrogênio verde, como a dificuldade em obter investidores devido ao constante derisking que as empresas enfrentam. Para os executivos, a necessidade de encontrar investidores e clientes a longo prazo é de extrema importância para destravar e tirar a indústria da inércia.

“O Brasil tem a chance enorme de ser protagonista em que poucos lugares do mundo tem a condição de levar isso para frente”, completou Viga, relembrando a trajetória da indústria de hidrogênio verde e destacando o progresso que foi construído ao longo dos anos e incentivos.

Após o almoço, Isabela Santos, Coordenadora H2-Uppp na GIZ; Margareth Pavan, Especialista de Transição Energética da InvestSP; Paulo Roberto Britto Guimarães, Diretor-Presidente da BAHIAINVESTE – Empresa Baiana de Ativos; Ana Luiza Ferreira, Diretora-presidente na Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe); e Miller Gazolla, Especialista em Transição Energética da Invest Minas, participaram do terceiro painel do Hydrogen Dialogue que abordou o mapeamento e diagnóstico dos incentivos para a indústria do hidrogênio em diferentes localidades do Brasil.

Os participantes destacaram as diversas políticas que envolvem o hidrogênio em diferentes estados, ressaltando a particularidade de cada território diante de suas características climáticas, sociais e de políticas governamentais. Para os especialistas, não é possível pensar que as ofertas e demandas são iguais às grandes capitais, como São Paulo. É preciso debate logística, capacitação, sustentabilidade e mão de obra qualificada.

O painel seguinte trouxe o tema da descarbonização da indústria, com estudos de casos práticos e uma discussão sobre a operacionalização dos incentivos lançados. No palco, André Ferrarese, Diretor Pesquisa e Desenvolvimento da Tupy; Hendrik Schoenfelder, Vice-Presidente da AHK São Paulo e Presidente da Evonik; Martina Paulus, CEO da Messer Cutting Systems; Eduardo Tobias, Coordenador da Força-Tarefa de Hidrogênio Verde da ABSOLAR e a moderação de Gerhard Ett, Vice-presidente da VDI-Brasil.

Focando no viés econômico, Gerhard afirmou que é possível aumentar a competitividade com as novas tecnologias nacionais e internacionais no Brasil. “O hidrogênio verde veio para ficar e as tecnologias estão propiciando essa nova era”.

Hendrik dividiu sua experiência na área da indústria do hidrogênio e explicou a importância de investir em SAF (Combustível de Aviação Sustentável) para acelerar esse mercado no Brasil. “Este não é apenas um momento de olhar para as necessidades do governo brasileiro, pois já temos um mercado mundial consolidado no uso de hidrogênio verde, que é o mercado de SAF. Esse mercado vai existir e vai atrair investimento, e é necessário usar hidrogênio verde nele”, explicou.

Os executivos ainda ressaltaram a importância de incentivar a produção de hidrogênio de baixo carbono em localizações estratégicas, a fim de atingir a net zero de maneira mais eficaz. Tobias destacou que é preciso considerar questões como as emissões pelo transporte em trajetos longos para se entender se uma fonte é realmente “zero emissões”.

Continuando a temática, o moderador Martin von Simson, CEO do Guia Marítimo conduziu o painel sobre cenários para a produção e distribuição de derivados e combustíveis do futuro com Luís Fernando Resano, Diretor Executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (ABAC); Adriana Martins, Diretora Geral – Brasil na Kuehne+Nagel; Roberto Fortuna, Gerente de Transição Energética da Bahiainveste S.A.; e Davi Gabriel Lopes, Head da GWM Hydrogun-FTXT Brasil.

Um dos destaques da discussão foi ampliar o foco para além das projeções. “Precisamos de processos decisórios sólidos, de integração logística em todo o ecossistema para avançar. Primeiro a gente faz acontecer, depois a gente vai competir pelo cliente”, explicou Fortuna.

Martin von Simson também moderou o último painel, que contou com Marcelo T. Schmitt, Gerente Geral no Brasil da Stolthaven Terminals; Bruno Mariano Pimenta, Supervisor do Setor de Elétrica Técnica do Porto de Santos; Sóstenes Alcoforado, Assessor Especial de Transição Energética do Complexo Industrial Portuário de Suape. Os participantes discutiram como a infraestrutura de transporte e armazenamento de H2V e seus derivados é um pilar crítico e desafiador para a consolidação da economia do hidrogênio.

Foto: Divulgação/Hydrogen Dialogue Latin America 2025

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