A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de aprovar um novo tratamento para pacientes com câncer de próstata: Nubeqa® (darolutamida). A terapia, desenvolvida pela Bayer e pela Orion Corporation, já foi aprovada em julho deste ano nos Estados Unidos sob a “FDA Priority Review”, revisão prioritária do órgão americano reservada para medicamentos que podem fornecer melhorias significativas na segurança ou eficácia do tratamento de doenças graves.
Indicada para os casos de tumores que ainda não desenvolveram metástase e também perderam a resposta à terapia hormonal, mas com risco de desenvolver metástases – Nubeqa® (darolutamida) foi testado em 1.500 pacientes de 150 centros distribuídos pelo mundo, entre eles 25 centros de pesquisa clínica no Brasil.
O câncer de próstata resistente à castração é uma forma avançada da doença, em que o câncer continua progredindo apesar do tratamento com terapia de deprivação hormonal. A chamada “terapia de privação androgênica” busca reduzir o nível dos hormônios masculinos (andrógenos), responsáveis por estimular as células do câncer de próstata a crescerem. Nesse cenário, darolutamida impede que o hormônio seja recebido pelas células do tumor retardando a disseminação do câncer sem acrescentar efeitos colaterais graves ao tratamento. Este perfil de segurança benigno se deve, entre outras causas, ao fato do medicamento (dois comprimidos duas vezes ao dia, via oral) agir sem grande penetração no sistema nervoso central, permitindo que o paciente passe pelo tratamento mantendo a sua qualidade de vida.
Estudos indicam que cerca de um terço dos homens com esse tipo de câncer desenvolve metástase – quando as células cancerosas passam através da corrente sanguínea ou dos vasos linfáticos para outras áreas do corpo – dentro de dois anos a partir do desenvolvimento da resistência à castração. “Tendo isso em vista, o objetivo principal do tratamento é atrasar o aparecimento de metástases nesses pacientes. E os resultados foram satisfatórios: aqueles que estavam em tratamento com darolutamida demoraram em torno de 40 meses – quase 4 anos – para desenvolverem metástases sem terem sua rotina normal afetada, enquanto o grupo que recebeu placebo desenvolveu metástase em uma mediana de 18 meses”, explica Dr. Murilo.
Até dois anos atrás, não existiam opções de tratamento efetivo aprovadas para esses pacientes. “Nesse sentido, a novidade, visa permitir que os pacientes, antes assintomáticos, passem pelo tratamento sem interferência em suas rotinas ou impacto na qualidade de vida”, conta o médico. “Hoje podemos tratar diversos tipos de câncer pensando não só na cura, mas em como controlar o seu desenvolvimento. A partir de inovações como a darolutamida, a medicina se mostra capaz de, em muito breve, vislumbrar o cuidado do câncer assim como hoje fazemos com as doenças crônicas: mesmo que incuráveis, existem opções de tratamento que prolongam a vida do paciente com bastante qualidade e baixo impacto em seu dia a dia”, conclui Dr. Murilo.