A União Europeia anunciou sua nova estratégia para cooperação internacional em pesquisa e desenvolvimento. Os planos para os próximos anos e o novo mecanismo de financiamento que permitirá colocá-los em prática – batizado de Horizon 2020 – foram apresentados pela chefe da unidade da Comissão Europeia para a Ciência, Tecnologia e Inovação nas Américas, Sigi Gruber, durante o “FAPESP and European Union Seminar”, realizado no dia 12 de novembro na sede da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
“A União Europeia, assim como o Brasil, coloca muita ênfase na importância da inovação para estimular empregos e crescimento. Temos como meta para 2020 investir 3% de nosso Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento”, disse Gruber à Agência FAPESP.
Ainda em fase de aprovação no Parlamento Europeu e no Conselho da União Europeia, o Horizon 2020 prevê investimento de €80 bilhões em pesquisa e desenvolvimento entre 2014 e 2020. O programa substituirá o 7º Programa-Quadro (FP7), atual mecanismo de financiamento de pesquisas da União Europeia.
“Uma das grandes novidades é uma participação mais forte da indústria”, disse Piero Venturi, conselheiro, chefe do setor de Ciência e Tecnologia da Delegação da União Europeia no Brasil. O programa, acrescentou Venturi, busca ampliar a escala de cooperação internacional, mas com foco em países estratégicos como Brasil, Índia, China e Rússia. Segundo dados da Comissão Europeia, os BRICs dobraram sua participação nos investimentos globais em pesquisa e desenvolvimento entre os anos 2000 e 2009. As economias emergentes, porém, deixarão de ter financiamento automático dentro do programa Horizon 2020.
“Consideramos o Brasil um parceiro de mesmo nível agora. Portanto, em vez de financiar a vinda de pesquisadores brasileiros para projetos europeus, queremos discutir com instituições parceiras no Brasil quais são os interesses comuns dentro de um programa de cooperação. Isso é mais complexo, pois envolve investidores de ambos os países, mas acreditamos que seja a melhor estratégia”, afirmou Venturi.
“O que estamos tentando negociar com parceiros-chave no Brasil, como a FAPESP, é a possibilidade de eles financiarem automaticamente as instituições brasileiras – ou, no caso, paulistas – dentro dos projetos europeus”, disse Leonor Collor, assessora do setor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Delegação da União Europeia no Brasil.
O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, ressaltou que a entidade está disposta a discutir programas de cooperação científica: “Nossa experiência mostra que é mais fácil desenvolver colaboração no âmbito da ciência básica. Acredito que é um primeiro passo para construir confiança e, a partir disso, podermos passar para projetos mais aplicados”.
Com informações da Agência FAPESP