A Universidade Empresarial – Sistema Dual, uma iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK na sigla em alemão) em parceria com a Faculdade Impacta Tecnologia dará início, em fevereiro de 2012, às aulas da 2ª turma do curso Tecnólogo em Redes com ênfase em Automação Industrial. Reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC), o curso tem duração de 3 anos e meio (7 semestres). Sua estrutura segue a proposta do Sistema Dual, que reúne em um único programa, o ensino teórico com a experiência prática. Em outras palavras, o período de estudos em sala de aula e nos laboratórios é intercalado com estágio em uma empresa, onde os jovens vivenciam a prática profissional. Com isso, ao longo de um semestre, o estudante passa 13 semanas na faculdade e 13 semanas trabalhando na empresa.
Entre as companhias que oferecem estágio aos estudantes, a proposta do curso recebe avaliação positiva. É o caso da Hydac Tecnologia, empresa do setor de hidráulica, há 40 anos atuando no País. Desde agosto deste ano, o seu quadro de pessoal com quase 200 colaboradores conta com a presença de um estagiário da Universidade Empresarial – Ensino Dual. Kurt Dannegger, diretor da Hydac, não vacila em expressar a sua satisfação. “Estamos treinando os futuros responsáveis pela produção em nossa empresa”, afirma. Para ele, a vantagem do Sistema Dual é o domínio que os estudantes passam a ter tanto de aspectos teóricos de sua profissão, quanto pela capacidade de resolver problemas práticos.
O executivo lembra que na Alemanha, 60% a 70% dos jovens recebem essa formação. No Brasil, a situação é diferente: os engenheiros com graduação universitária têm muito conhecimento teórico e pouca visão prática, enquanto que entre o pessoal de formação técnica a situação é inversa. “Há uma falta enorme de pessoal que se enquadra na faixa intermediária entre esses dois níveis, isto é, pessoas com habilidade para colocar a mão na massa e, ao mesmo tempo, com conhecimentos teóricos suficientes para dar andamento à prática do dia a dia”, declara.
“A vantagem do Sistema Dual é o alto nível de aproveitamento dos alunos, além de sua rápida incorporação ao processo de produção das empresas”, declara o Prof. Karl Heinz Klauser, coordenador do curso na Faculdade Impacta Tecnologia. Para ele, o Sistema Dual, que tem mais de 100 anos de tradição em países como Alemanha, Áustria e Suíça, “é um modelo perfeito de ensino profissionalizante”. Klauser ressalta, no entanto, que “no Brasil, o sistema precisa ainda de um certo tempo de amadurecimento para que se estabeleça um perfeito clima de corresponsabilidade entre a empresa e a instituição de ensino”.
Necessidades do mercado – O atual panorama de carência de mão de obra qualificada no Brasil também bateu forte à porta das empresas de origem germânica associadas à Câmara Brasil-Alemanha. “Esse é um gargalo que representa um empecilho tanto para o desenvolvimento da empresa, quanto do próprio País”, avalia Weber Porto, presidente da Câmara Brasil-Alemanha.
Procurando meios para superar os desafios, a AHK estabeleceu uma parceria com a Faculdade Impacta da qual resultou o curso que agora está constituindo a sua segunda turma. “A sua grande vantagem é a integração que se desenvolve entre a universidade e o mundo empresarial. Dessa forma, o conteúdo acadêmico, de fato, atende às demandas do mercado, criando um ambiente muito positivo para a produção de mão de obra altamente qualificada e muito necessário na atual fase do desenvolvimento brasileiro”, informa Martin Gebhardt, diretor do departamento de Formação Profissional da Câmara Brasil-Alemanha.
Sistema Dual – Com longa tradição nos países de língua alemã, o Sistema Dual é adotado tanto para a formação profissional em nível médio, assim como para formação de tecnólogos. Nos últimos anos, nota-se na Alemanha que mesmo as universidades tradicionais têm empregado o sistema dual para alguns de seus cursos. De enfermeiros a assistentes sociais, passando por técnicos em informática, biotecnólogos ou construtores de máquinas – a opção dos cursos que adotam o Sistema Dual de Ensino na Alemanha é das mais variadas. As estatísticas do país registram que a cada ano, quase 2 milhões de jovem frequentam esses cursos.
No Brasil, o Sistema Dual foi introduzido em 1982, por meio do Instituto de Formação Profissional Administrativa (Ifpa), do Colégio Humbold de São Paulo. Oferecendo cursos técnicos de nível médio nas áreas de Gestão de Comércio Internacional, Gestão Empresarial, Gestão de Seguros, Gestão de Informática, Gestão de Transportes Nacionais e Internacionais, além de Secretariado, o Ifpa formou desde a sua fundação, 1.300 jovens.
Tecnólogos – Em muitos países o termo tecnólogo é usado como sinônimo para as palavras “cientista” ou engenheiro. Em outros, porém, existe distinção estabelecida através de leis e apenas pessoas que tenham sido graduadas e/ou tenham trabalhado neste campo podem receber este título.
No Brasil, tecnólogo é o profissional formado em um curso superior de tecnologia. Essa modalidade de graduação visa formar pessoas para atender campos específicos do mercado de trabalho e, por isso, os cursos são mais compactos, com duração média menor que a dos cursos tradicionais de graduação universitária.
A designação atual da profissão foi estabelecida pelo Decreto 2.208 de 17 de abril de 1997 (revogado pelo Decreto 5.154 de 23 de julho de 2004). Por ser um profissional de nível superior, os tecnólogos podem dar continuidade a seus estudos frequentando, depois de sua formação, um curso superior nos moldes tradicionais ou mesmo um curso de pós-graduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado) e Lato Sensu (Especialização).
As experiências iniciais de cursos superiores de tecnologia no País, surgiram, no âmbito do sistema federal de ensino e do setor privado e público, em São Paulo, no final dos anos 60 e início dos anos 70. Em 1969 começou a funcionar o primeiro curso superior de tecnologia na área de Construção Civil nas modalidades: Edifícios, Obras Hidráulicas e Pavimentação. Oferecido pela Faculdade de Tecnologia Fatec, ligado ao Centro de Desenvolvimento Paula Souza em São Paulo, o curso foi oficialmente reconhecido pelo MEC, em 1973.
Na década de 1970, os cursos de formação de tecnólogos passaram por uma fase de grande crescimento no Brasil, impulsionados pelo “milagre econômico brasileiro”. No final da década, precisamente em 1979, o MEC mudou sua política de estímulo à criação de cursos de formação de tecnólogos nas instituições públicas federais levando à extinção de muitos deles. A nova conjuntura econômica que se delineou a partir do início do século 21, em um quadro no qual o Brasil desponta como uma das economias emergentes e grande potencial de crescimento e demanda de mão de obra qualificada, impôs a reavaliação dos cursos superiores de tecnologia. Agora, apoiados por uma nova legislação, eles surgem como uma das principais respostas do setor educacional às necessidades e demandas da sociedade brasileira.