Em 7 de agosto de 1913, Viktor Kaplan registrou a patente da turbina Kaplan (na época, um novo tipo de turbina hidráulica, ideal para quedas baixas e de alta vazão) na Áustria. Seu bisneto Roland Athenstaedt, 100 anos depois, retornou com dois de seus filhos a um local que foi fundamental para o desenvolvimento da turbina Kaplan: a Voith, em Heidenheim, Alemanha. Os três integrantes da família Athenstaedt visitaram a companhia em agosto para conhecer o lugar onde a história e o futuro da hidrogeração de energia se encontram.
‘‘Meus filhos estão aprendendo na escola sobre as formas existentes de energia renovável. Por isso, pensei ser uma boa ideia explicar para eles sobre a energia hidrelétrica e apresentar a empresa na qual o bisavô deles desenvolveu suas pesquisas’’, disse Roland Athenstaedt. O engenheiro de 46 anos ficou fascinado com a longevidade do caráter sustentável das hidrelétricas, que fornecem energia ecoamigável. Durante uma visita à produção de turbinas e ao centro global de teste e desenvolvimento “Brunnenmühle”, em Heidenheim, Roland Athenstaedt e seus filhos puderam conhecer de perto um dos principais locais de produção de componentes para hidrelétricas no mundo, onde as turbinas Kaplan continuam sendo projetadas e fabricadas.
Viktor Kaplan e a Voith
A história da turbina Kaplan está diretamente ligada ao desenvolvimento da empresa Voith. Viktor Kaplan visitou a empresa pela primeira vez durante uma viagem de estudos em 1912. Nos anos seguintes, prosseguiu com suas pesquisas e estudos em Heidenheim. Lá, ele utilizou o antigo laboratório de teste da Voith localizado em Hermaringen, próximo a Heidenheim. O contato entre o antigo CEO da Voith, Walther Voith, e Viktor Kaplan se intensificou gradualmente. A partir daí, nasceu uma amizade que está documentada em uma série de cartas trocadas entre ambos. Em relação ao desenvolvimento da turbina Kaplan, Viktor Kaplan chamou Walther Voith, uma vez, de “descobridor da minha invenção”. Mais tarde, na década de 1920, Kaplan deu à empresa Voith a opção de utilizar as patentes norte-americanas de sua turbina, caso ele recebesse metade da renda dos negócios da Voith nos Estados Unidos.
Voith e as turbinas Kaplan
No ano de 1922, a Voith começou a produzir as turbinas Kaplan e fabricou duas unidades para a usina pertencente à fábrica de papel Steyrermühl, localizada na Áustria. Com a invenção da turbina Kaplan, os negócios se expandiram rapidamente e, em 1928, a Voith construiu quatro conjuntos de máquinas com turbinas Kaplan em tamanho recorde, cada uma com diâmetro de sete metros, para a Usina de Ryburg-Schwörstadt, localizada no Rio Reno, Alemanha. Na época, as turbinas possuíam os maiores rotores Kaplan do mundo.
Durante as últimas décadas, a Voith se tornou uma das mais importantes fabricantes de turbinas Kaplan. A Usina Hidrelétrica de Estreito, localizada no Rio Tocantins, na divisa dos estados do Tocantins e Maranhão, possui a maior máquina Kaplan já construída no Brasil, em termos de diâmetro (9,5 metros cada). Por outro lado, a Usina Hidrelétrica de Lajeado, também localizada no Rio Tocantins, no estado do Tocantins, possui a máquina Kaplan com maior potência instalada do Brasil (183,5 MW cada).
O fornecimento de máquinas Kaplan para a Usina Hidrelétrica de Lajeado, em 30 de setembro de 1998, foi o pontapé para o fornecimento de 24 máquinas Kaplan de grande porte para o mercado brasileiro, o que tornou a Voith Hydro Brasil a empresa líder no fornecimento deste tipo de equipamento na América do Sul.
A potência instalada de turbinas Kaplan soma cerca de 200 GW mundialmente, o que corresponde à capacidade de aproximadamente 200 grandes usinas de carvão.