Um estudo conduzido pela economista sênior da unidade de Pensões Internacionais da Allianz Asset Management (na Alemanha), Renate Finke, revela que a Austrália possui o sistema de pensões mais sustentável do mundo, em segundo lugar está o da Suécia e, em seguida, vem o da Nova Zelândia. Na outra ponta, dentre os três menos sustentáveis, aparecem os da Tailândia, Brasil e Japão.
“Uma boa classificação no índice não equivale a pagamentos de aposentadorias generosas, mas mostra que um sistema de pensões de um país será capaz de lidar com seus dados demográficos subjacentes. Em contrapartida, é preciso levar em consideração que as nações que figuram no extremo inferior do ranking estão lá por diversas razões”, afirma Renate Finke.
De acordo com o índice, o 50º lugar ocupado pela Tailândia está relacionado à idade extremamente baixa com que sua população se aposenta, além dessa estar envelhecendo rapidamente e o trabalho informal ser representativo no país. Já o sistema de pensões no Brasil parece insustentável em longo prazo porque tem alta taxa de substituição, somada às opções de aposentadoria antecipada, ao número de idosos que cresce a passos largos e aos 13 pagamentos anuais, que gera estresse nas finanças públicas. Embora 60 e 65 anos sejam as idades legais para que brasileiras e brasileiros, respectivamente, se aposentem, a reforma efetiva é substancialmente mais baixa, quando considerado o tempo de contribuição, 30 e 35 anos; isso sugere que elas podem começar a receber aposentadoria, em média, aos 50 anos e eles aos 55. Diante disso, projeta-se que em 2050, o número de pensionistas deverá aumentar 3,5 vezes. O Japão também aparece na parte inferior do ranking por causa da média de idade avançada da sua população e nível elevado da dívida soberana.
“As mudanças demográficas e seu impacto no sistema de pensões no Brasil é um tema que temos acompanhado de perto. A Allianz Seguros está engajada em promover o debate para desenvolvimento de novas políticas para fortalecer a sustentabilidade das pensões com o objetivo de melhorar índices financeiros e também de qualidade de vida”, ressalta Ingo Dietz, diretor executivo da Allianz Seguros no Brasil. Em outubro do ano passado, a seguradora promoveu uma série de eventos com Michael Heise, economista-chefe do Grupo Allianz, sobre o assunto. “A ideia é disseminar nosso expertise, trocar experiências e desenhar propostas e soluções de longo prazo adequadas à realidade de nosso país”, finaliza Dietz.
A posição de liderança da Austrália é consequência de uma estrutura dualista. Nesse país, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Irlanda, a receita pública cobre apenas as necessidades mais básicas, ou seja, evita a pobreza na velhice. Qualquer rendimento adicional, para manter certo padrão de vida, deve ser gerado a partir de fontes financiadas, por meio de capitalização. Ao mesmo tempo, a Austrália conta com a combinação da demografia favorável e boa gestão das finanças públicas.
O Índice de Sustentabilidade de Pensões da Allianz foi lançado em 2004. No entanto, a versão de 2014 traz pela primeira vez a análise de 50 países – passaram a ser contemplados Brasil, Chile, México, Malásia, Indonésia e África do Sul.
Desde o último estudo, em 2011, Grécia, Irlanda, Luxemburgo, Romênia, Singapura, Turquia e Estados Unidos foram capazes de subir mais de cinco posições no ranking. A melhora das perspectivas de envelhecimento, a introdução de reformas das pensões e o desenvolvimento econômico podem ser fatores que levaram a essa melhora. Croácia, França, Hong Kong, Malta, Eslovênia e Taiwan caíram significativamente na classificação. Dentre as razões estão a nova projeção de envelhecimento rápido da população e o atraso na realização de importantes reformas de pensões.
O índice, ao analisar o sistema público de pensões, torna-se capaz de indicar a necessidade de um país em fazer reformas para manter a sustentabilidade financeira em longo prazo. Isso pode ser difícil de avaliar devido às especificidades institucionais, técnicas e jurídicas de cada nação. No entanto, há as principais variáveis, independentemente dessas diferenças. O índice usa subindicadores como a evolução demográfica, finanças públicas e projetos de sistemas de pensão para medir sistematicamente a sustentabilidade de um sistema de aposentadorias. Eles abrangem vários parâmetros para a situação atual e perspectivas futuras do sistema.