A famosa escola de arte Bauhaus foi inaugurada em Weimar (em 1919) e, durante sua curta vida, mudou-se para Dessau e, depois, para Berlim. A arquitetura, a arte e o design que foram criados há um século por Walter Gropius revolucionaram a visão artística e arquitetônica do século 20 e são reverenciados até hoje em todo o mundo. Para marcar o centenário, o DZT – Centro de Turismo Alemão convida os interessados e fãs desse imenso legado artístico e cultural a explorar o berço do modernismo.
Nesse roteiro de visitas, algums cidades fazem parte obrigatória do que se pode chamar de circuito Bauhaus, como Weimar, Dessau, Bernau e Berlim. Nesse sentido, quase 70 anos depois de ter sido inaugurado o prédio de Gropius, em Dessau, os monumentos arquitetônicos de Weimar foram incluídos na lista do patrimônio mundial da Unesco em 1996. Em julho de 2017, novas referências foram acrescentadas ao patrimônio mundial, como a escola da Federação dos Sindicatos Alemães, a “Bundesschule des Allgemeinen Deutschen Gewerkschaftsbundes (ADGB)”, em Bernau, situada nas proximidades da capital alemã.
Em 1919, a Bauhaus deu início a seu trabalho em Weimar. Nos anos seguintes, surgiram construções notáveis, como o prédio principal da Universidade Bauhaus e a Escola de Artes na Geschwister-Scholl-Strasse. Em Dessau, a Escola Superior de Design (“Hochschule für Gestaltung”) atraía a vanguarda da época. Gropius projetou o prédio que foi inaugurado em 1926. Foi da Bauhaus de Dessau que a ideia do modernismo partiu para conquistar a arquitetura e o design no mundo inteiro, o que pode ser visto em obras como as “Meisterhäuser” ou o conjunto habitacional Dessau-Törten, com o complexo “Laubenganghäuser”, exemplo do desenvolvimento da construção habitacional social.
Nesse roteiro pelo legado de Bauhaus vale destacar o protagonismo de Weimar, a cidade-berço da escola de arte e design, que também é notável por estar entrelaçada a outros nomes das artes e da cultura mundial, como os escritores Goethe e Schiller, o filósofo Nietzsche e os músicos Bach e Lizt. Não por acaso Weimar é conhecida como ‘cidade dos clássicos e dos grandes intelectuais’. O auge do classicismo em Weimar durou cerca de 50 anos, mas é uma das épocas mais extraordinárias da história cultural da Europa. Tudo começou com a duquesa Anna Amalia, que levou para lá poetas e pensadores, cuja fama até hoje está intimamente ligada à cidade. Testemunhas desse período são as casas e locais de trabalho dos pensadores e de seus mecenas: como as residências de Goethe (em Frauenplan) e Schiller, os castelos Belvedere, Ettersburg e Tiefurt, com seus maravilhosos parques, a famosa biblioteca Herzogin Anna Amalia e o histórico cemitério onde há túmulos de príncipes e descansam os restos mortais de Goethe e Schiller. Isso sem contar o Museu Bauhaus, com mais de 300 objetos expostos que ainda preservam sua beleza simples e atemporal.
Ainda sobre Goethe, a casa barroca onde viveu por cinco décadas pede uma parada. É possível visitá-la praticamente no estado em que ele a deixou nos seus últimos anos de vida. Sua “casa no jardim”, situada no parque à beira do Rio Ilm, foi um presente do duque, para garantir que ficasse em Weimar – e acabou por se tornar realmente seu refúgio permanente em meio à natureza. O talento de Goethe como construtor fica evidente na casa Römisches Haus, o primeiro prédio classicista de Weimar, construído a pouca distância da residência no jardim. Uma visita que sempre vale a pena, embora não seja exatamente um clássico, é o restaurante Zum weißen Schwan, quase em frente à casa de Goethe, onde, dizem, o poeta tomava um copo de vinho de vez em quando.
Dessau, por sua vez, é endereço do primeiro jardim inglês na Europa continental, que foi criado no século 18. Distribuído em uma área de 140 quilômetros quadrados, abriga um castelo (o de Wörlitz, construído entre 1769 e 1773), mais de 100 monumentos arquitetônicos de todos os portes e extensos parques de diversas formações emoldurados pela paisagem dos Rios Elba e Mulde. Em um período de mais de 40 anos, outros castelos e parques foram construídos em Dessau e nos arredores. Entre eles, o Georgium – onde se encontra a galeria de pinturas Anhaltische Gemäldegalerie – o Luisium, o parque Wörlitzer Park e o Waldpark, na colina Sieglitzer Berg. O projeto foi concluído com o Parque Kühnauer Park, criado a partir de 1805. Além disso, construções mais antigas em Oranienbaum e Mosigkau foram integradas harmonicamente na concepção geral, de forma que a paisagem, no atual estado da Saxônia-Anhalt, tornou-se um verdadeiro museu arquitetônico ao ar livre, cobrindo desde a Antiguidade até a Modernidade.
Na capital alemã o ciclo de comemoraçõe do centenário tem início em janeiro de 2019, entre os dias 16 e 24, com um festival na Academia de Artes de Berlim. Performances, concertos, instalações, teatro, dança, workshops e palestras compõem a programação que tem como foco o Teatro o Bauhaus em uma infinidade de formatos, perpectivas e abordagens. A noite de abertura do evento contará com o pianista e compositor Michael Wollny, que apresentará sua mais recente criação, o concerto “Bau.Haus.Klang.Harmony”.
Foto: Divulgação DZT