O paratleta de esportes radicais Manfred Putz conquistou, no dia 22 de setembro deste ano, o recorde mundial ao percorrer 1002 quilômetros em uma handbike, com apoio técnico da Ottobock, empresa alemã de tecnologia ortopédica. O desafio começou no dia 20 de setembro, às 10 horas da manhã e teve apenas dois intervalos de uma hora para que Putz pudesse se alimentar.
Para entender um pouco mais do desafio: uma maratona de 42.195 km é considerada de longa distância. O recorde conquistado por Putz equivale a quase 24 maratonas desse porte. Durante a prova, o atleta alcançou uma velocidade média de 24 km/h.
Foram 42 horas em uma handbike, pedalando dia e noite, por um circuito de 98 km junto ao Rio Neckar, na Alemanha. Os fãs, que acompanharam o trajeto pelo Facebook, divertiram Putz. “Eu acompanhei os posts, o que me ajudou a atingir meu objetivo. Foi em equipe que nós trabalhamos para conseguir transmitir a mensagem”, agradeceu “Mandi” (apelido que ganhou no ciclismo) aos fãs que o apoiaram. Além do encorajamento via Facebook, alguns integrantes do time de handbike da Ottobock providenciaram apoio no local.
O percurso teve como ponto de partida a Fundação Manfred Sauer, em Lobbach, onde os handbikers dão cursos de duas semanas para paraplégicos – que acontecem uma vez por ano –, com o objetivo de chamar a atenção para as possibilidades de mobilidade, apesar das limitações físicas. “Ninguém precisa começar com mil quilômetros”, afirma Michael Biermann, da Ottobock. “Mesmo os dez primeiros são inesquecíveis.”
Para Putz, era uma questão de autoconhecimento e de encarar um desafio, em outras palavras – esporte radical. Mandi queria superar o antigo recorde dos 700 km, conquistado em agosto de 2012 por Jens Hoffmann e documentado pelo Guinness Book. Mas ele também queria transmitir uma mensagem de encorajamento: “Tudo é possível se você simplesmente fizer”.
Para conquistar o novo recorde mundial, o paratleta se submeteu a uma longa preparação, incluindo um treinamento na África do Sul, quando o frio do inverno o impediu de treinar regularmente na Europa. Apesar da preparação, às vezes, durante o circuito, suas mãos machucavam ou os braços doíam. Também enfrentou dificuldades como a chuva na manhã do dia 20, um pneu furado e a perda da lanterna da hanbike durante a noite, que, felizmente, foi consertada rapidamente. “Eu não vou parar até completar os 1000 quilômetros, vocês terão que me tirar da handbike”, compartilhou Putz com a comunidade do Facebook.
Mandi atingiu a linha de chegada “no seu limite físico, mas completamente feliz”. Para 2014, os projetos visam o recorde mundial de 24h e a Race Across America (um trajeto de 4800 km) com a participação de Thomas Frühtwirth no time “Ultra Hadbike”.
Mafred Putz
Manfred Putz é paraplégico desde um acidente de trânsito em 1996. A partir daí, o paratleta de 43 anos obteve várias conquistas: campeão europeu em 2006, campeão mundial em 2007, 4° lugar nas Paralimpíadas de 2008, em Pequim, e mais 15 títulos do Campeonato Austríaco. “Quando eu pedalo minha handbike, eu esqueço a minha dor e entro em outro mundo, um mundo de liberdade, prazer e paixão!”, declara.