O consumo e a produção de alimentos estão mudando e novas tendências, bem como desafios para o mercado alimentício vêm surgindo. Essa é uma das conclusões do “Relatório sobre o Futuro dos Alimentos” (The Future Report Food), realizado pela The Future Laboratory e pela Voltage, agências de pesquisa e mapeamento do comportamento humano.
De acordo com a pesquisa, cada vez mais pessoas buscam o controle sobre a forma com que os alimentos são produzidos e consumidos. Assim, uma crescente demanda desse mercado é por maiores níveis de transparência no processo de produção, sobretudo dos alimentos geneticamente modificados. Por outro lado, a situação da saúde em cada país é também um fator que determina tendências. Em países da Europa e Estados Unidos, por exemplo, os consumidores exigem cortes na gordura, açúcar e teor calórico.
Entre as principais tendências identificadas na pesquisa, se destaca a chamada Neo-Boomers, originada por consumidores mais preocupados com a saúde e que investem em uma dieta saudável por meio de alimentos funcionais. Já os consumidores da geração Revivalist estão em busca de uma “âncora” para lidar com tempos turbulentos e veem nas antigas receitas uma forma de conforto afetivo, enquanto os Foodies DIY se caracterizam por sua preferência em criar novas receitas a partir de antigas, reinterpretando sabores e experimentando formas diferentes de se relacionar com os alimentos.
O estudo também aponta a sustentabilidade do setor como uma preocupação não apenas dos países ricos, mas dos emergentes. “Em um futuro próximo, o grau de sustentabilidade no processo de produção de determinada marca ou produto será uma espécie de rótulo que define a ética. Além disso, a demanda alimentar originada de populações crescentes e das economias emergentes deve impulsionar o desenvolvimento da biotecnologia agrícola. Na prática, o desenvolvimento de alimentos funcionais e mais saudáveis vai romper o preconceito de consumidores contra alimentos geneticamente modificados”, acredita Paulo Al-Assal, CEO da Voltage.
O executivo e especialista em tendências abordará esse tema em sua palestra durante a conferência "Alimentação do Futuro", que deve acontecer no dia 23 de junho, no Grande Hotel Campos do Jordão, na cidade serrana de mesmo nome.
Projeções
Segundo o relatório, até o final de 2014, o setor deve faturar US$ 5,9 trilhões – um aumento de 37,2% em relação a 2009. As projeções também destacam o crescimento do mercado global de alimentos funcionais, que deve ficar 22% maior na comparação com 2010 e faturar US$ 29,8 bilhões. Já a indústria mundial de orgânicos deve faturar, em 2015, cerca de US$ 104,5 bilhões. "No mundo inteiro, os orgânicos crescem anualmente cerca de 30%; no Brasil, têm crescido 40% nos últimos anos”, afirma Al-Assal.
Ao mesmo tempo, o estudo revela uma tendência paralela menos saudável nos emergentes: um crescente aumento de jovens que têm consumido doces e chocolates. Com isso, no BRIC, o mercado de confeitaria deve alcançar um faturamento de US$ 27 bilhões em 2014.
O mercado global de snacks também vive momentos de expansão – um impacto que é resultado do aumento de horas dedicadas ao trabalho – podendo chegar a US$ 334 bilhões em 2015. Em países como Brasil, China, Índia, México e África do Sul, os snacks representarão um mercado de US$ 15,7 bilhões em 2014. Nesse contexto, Al-Assal explica que, para consolidar o seu crescimento, a indústria tem se adaptado a novos padrões de consumo. “Em um ambiente cada vez mais avesso ao sal, as vendas de salgadinhos nos Estados Unidos, por exemplo, cresceram 18,4% entre os produtos com redução de sódio”, detalha.