“Não sou uma pioneira, apenas uma mulher que adora seu trabalho”, afirma ao site da Lufthansa a capitã Evi Hetzmannseder, falando sobre sua profissão. Apesar disso, a companhia aérea observa que uma mulher piloto causava espécie à época que ela e a colega Nicola Lisy começaram a pilotar voos comerciais da Lufhtansa, em 23 de agosto de 1988. Hetzmannseder e Lisy haviam completado com sucesso os dois anos de treinamento como pilotos comerciais em Bremen (Alemanha) e Phoenix (EUA), respectivamente.
Muitas outras mulheres seguiram seus passos desde então. Hoje, cerca de 300 pilotos mulheres trabalham para a Lufthansa, 80% delas como capitãs. No entanto, a força feminina ainda é de apenas 6% nas cabines da Lufthansa. Para a companhia aérea alemã, a razão disso é que muitas candidatas em potencial erroneamente acreditam que a cabine de um avião não é um lugar para as mulheres. Como resultado, elas ainda são apenas 20% do total de candidatos ao treinamento para piloto. “A Lufthansa faz todos os esforços para mudar essa situação para melhor”, pontua a empresa.
Evi Hetzmannseder relembra que, em seu primeiro voo com passageiros a bordo de um Boeing 737, sentiu os joelhos tremerem. Ao contrário de Nicola Lisy, que veio de uma família de pilotos de avião, ela não tinha nenhum vínculo familiar com o mundo da aviação. Apesar disso, ela foi “capturada” para esse mundo há cerca de 30 anos, quando assistiu ao pouso de uma aeronave em um aeroporto de Munique. “Quero sentar à frente de um avião”, ela decidiu então, e candidatou-se na Lufthansa. Seu primeiro voo a levou a Hamburgo para um teste de aptidão. Obter uma licença de voo apesar da maternidade não foi um impedimento para sua carreira – ela fez treinos de simulação adicionais e o equilíbrio entre profissão e família foi resolvido facilmente por uma oferta de trabalho de meio-período.
Um marco na carreira tanto de Hetzmannseder quanto de Lisy, como para todas na profissão, foi conquistar a quarta insígnia no uniforme: como primeiros pilotos mulheres na Lufthansa, Hetzmannseder e Lisy mudaram para o assento da esquerda na cabine no comando de um a Boeing 737 no ano 2000. Nesse ínterim, Evi Hetzmannseder tem pilotado voos de longo curso saindo de Munique: “Sentar na cabine de um jato enorme, como o Airbus A340, é uma sensação maravilhosa”, diz ela.
A Lufthansa ressalta que, em verdade, as mulheres têm uma longa tradição na história da aviação. Raymonde de Laroche foi a primeira mulher a pilotar uma aeronave, ao conseguir uma licença de voo do Aeroclube da França em 8 de março de 1910. Também é destaque Marga von Etzdorf, que começou a pilotar um Junkers F13 comercial pela Lufthansa em 1º de fevereiro de 1928.