Os 60 são os novos 50

Segundo o estudo “Security-Trust-Solidarity” (“Segurança-Confiança-Solidariedade”, em tradução livre) realizado pela Allianz, pessoas de diferentes gerações ao redor do mundo se preocupam com o bem-estar financeiro após pararem de trabalhar. A maioria acredita ser necessário reduzir o padrão de vida na aposentadoria, ao mesmo tempo em que a confiança em relação às políticas públicas para pensões é baixa.

A pesquisa examinou as visões de dois grupos etários (30-45 anos e 60-75 anos) sobre envelhecimento e aposentadoria, em sete países em diferentes estágios de desenvolvimento demográfico: Alemanha, França, Itália e Reino Unido (da “velha” Europa); o país “mais antigo” do mundo, o Japão; e dois países “jovens”, Turquia e Malásia. O estudo focou na questão de como as pessoas se preparam para a aposentadoria e quais os fatores que influenciam na sensação individual de segurança.

A diferença mais óbvia entre os países é sua visão em relação ao futuro. No Japão e na França, ambos os grupos etários são pessimistas. Considerando as expectativas para os próximos dez anos, somente 4% da fatia japonesa dos 30-45 anos responderam de forma positiva. Em contraposição, na Malásia, 60% de ambas as gerações são confiantes em relação ao futuro.

Segurança financeira

Quando perguntados sobre quais circunstâncias da vida promovem a segurança, o fator “ter dinheiro ou economias” obteve a classificação mais alta entre os dois grupos etários do Japão (mais de 65%) e Malásia (mais de 74%), enquanto que em outros países, como a Turquia e a Itália, a família é o mais importante. Nesse contexto, é notável o fato de que a maioria dos participantes em cada país, exceto na Alemanha, acredita não ter dinheiro suficiente para se precaver na aposentadoria (59% dos japoneses e apenas 40% dos alemães), o que causa um impacto significativo na crença generalizada de que tanto os planos de previdência públicos quanto privados não vão oferecer recursos suficientes para uma boa vida na aposentadoria.

Entretanto, sob uma perspectiva mais positiva, a pesquisa mostra que essas mesmas pessoas sabem o que fazer: começar a economizar desde cedo. A estratégia é particularmente reconhecia na Malásia, mas também no Japão, Turquia e Alemanha. “Jovens na França e Itália veem o ato de economizar como algo pouco importante. Eles não parecem ter uma visão efetiva sobre suas realidades de renda e aposentadoria futura”, afirma Brigitte Miksa, diretora do departamento internacional de Pensões da Allianz.

Aumento da expectativa de vida

O estudo mostra que, uma vez aposentados, muitos querem se manter ativos, expressando interesse em trabalhos voluntários e viagens. Como vivemos mais, estendemos nossa expectativa de vida saudável. “A ‘metade da vida’ está acontecendo mais tarde: em muitos países, a expectativa de vida para uma pessoa com 60 anos hoje é a mesma para uma pessoa de 50 anos na metade do século passado. Poderíamos dizer que os 60 são os novos 50”, comenta Miksa.

Os dados apresentaram que o envelhecimento da população já tem resultado em uma série de reformas pensionárias para a redução das cargas sobre os sistemas de seguridade social. “Tendo isso em mente, a falta de confiança nos sistemas públicos de pensão é compreensível”, afirma a diretora. “O que é alarmante é que as pessoas são céticas sobre suas capacidades em preencher essa necessidade. Os governos têm que trabalhar de forma sistemática na eficiência dos esquemas de provisão adicional e otimizar o mix de renda na aposentadoria.”

CC_Flickr_401(K)2013
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