A PwC divulgou um estudo, realizado em parceria pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV (EAESP-FGV), que teve como objetivo compreender como a evolução trabalho no mundo contemporâneo afeta as organizações no Brasil.
A análise aponta que as questões passam pela dificuldade de obter talentos qualificados, promover e integrar diversas gerações, lidar com profissionais que atribuem valor à flexibilidade e novos estilos de gestão, bem como de administrar barreiras legais, de gestão e de cultura que dificultam a adoção de novos modelos de organização do trabalho, como o trabalho remoto e uso de jornadas flexíveis.
Segundo a empresa, o estudo entrevistou 113 organizações de diferentes setores da economia, a fim de analisar como esses desafios são encarados e de que forma afetam suas estratégias de negócio. Segundo a pesquisa, 54% das companhias participantes são consideradas de grande porte (ou seja, tem um faturamento anual acima de R$ 500 milhões), e cerca de 60% se caracterizam pela predominância de trabalhadores mais jovens, com idade até 35 anos.
Em relação às barreiras que afetam a expansão dos negócios, a escassez de profissionais com as competências essenciais para executar a estratégia organizacional tem sido um tema de debate recorrente não só no Brasil (73%), tendo em vista os mais baixos níveis de desemprego dos últimos tempos, como também ao redor do mundo – de acordo com a 17ª Pesquisa Global com CEOs (PwC), o aspecto foi apontado por 63% dos líderes entrevistados (de um total de 1300) como uma das principais questões.
Novo trabalho e expectativas profissionais
A pesquisa aborda as mudanças no perfil do trabalho e nas expectativas dos profissionais. Para 58% das companhias participantes, o trabalhador assume a responsabilidade por manter sua empregabilidade e 53% são capazes de exercer liderança e habilidade na formação de equipes. Vê-se com essas características mais pertinentes que o novo trabalho tende a ser visto como um veículo que proporciona maior autonomia e crescimento do trabalhador, além de desenvolver melhor suas potencialidades.
Entretanto, o estudo indica que a tecnologia está afetando o modo de realizar o trabalho: 41% dos jovens participantes da pesquisa “Geração do Milênio no Emprego” preferem se comunicar por meio eletrônico em vez de pessoalmente ou por telefone – de acordo com uma pesquisa encomendada pelo Google e realizada pelo The Future Foundation com 3500 empregados do Reino Unido, da França, da Alemanha, do Japão e dos EUA, apenas 12% estão satisfeitos com a tecnologia disponível no trabalho e quase metade (46%) não acredita que seu empregador faz melhor uso da tecnologia para aumentar a produtividade e o desempenho.
Já em relação às expectativas dos profissionais para o futuro, os resultados foram bastante expressivos e mostraram uma forte concordância (acima de 90%) em relação à remuneração, realização pessoal no trabalho, meritocracia e responsabilidade sobre suas carreiras e flexibilidade na realização do trabalho.
No primeiro quesito, 99% buscam uma remuneração competitiva no mercado. Na segunda, 98% valorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e preferem trabalhar em organizações onde a relação com colegas é boa e existe um contexto colaborativo; 97% buscam prazer nas atividades e valorizam um bom ambiente de trabalho. O terceiro quesito mostra que 96% valorizam a meritocracia e 95% querem mobilidade (em relação a decisões relativas às suas carreiras) e preferem trabalhos que coloquem em prática seu potencial e incentivem a responsabilidade pelo resultado. No último, 95% buscam mais flexibilidade, tanto na realização quanto no horário do trabalho.
Segundo a PwC, diante das mudanças observadas nas relações de trabalho, algumas empresas já adotam estratégias de mudanças na organização e gestão de pessoas. Em relação à flexibilidade de jornada e local de trabalho, por exemplo, 40% reconhecem essa necessidade, mas apenas 19% delas já realizaram alguma mudança.
O estudo ainda revela que, no Brasil, já há a consciência de que mudanças estruturais no ambiente de negócios estão transformando o trabalho e as expectativas dos profissionais e reconhece-se que é preciso se ajustar a esses novos modelos de atuação, a fim de se manterem competitivas.
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