O preço médio de calçados esportivos no Brasil é bem superior quando comparado a outros países com poder aquisitivo similar. Essa é uma das conclusões da auditoria realizada no varejo pela alemã GfK – quarta maior empresa de pesquisa de mercado do mundo – ao longo de 2012.
Segundo o estudo, o preço médio dos tênis vendidos no Brasil gira em torno de US$ 94,24, muito próximo do valor cobrado na Suíça, de US$ 100,14, mas distante dos US$ 51,79 praticados no Chile e dos US$ 71,97 na África do Sul, sede da última Copa do Mundo. “A questão é que pagamos por uma realidade suíça, mesmo com renda tão inferior. Isso acontece, entre outros motivos, porque uma parcela significativa dos calçados esportivos é importada ou reúne componentes importados”, explica Claudia Bindo, gerente de Unidade de Negócio da GfK Brasil.
Segundo ela, especialmente no segmento de tênis para corrida há grande demanda por calçados mais elaborados. Isso aumenta o abismo entre os preços no Brasil (US$ 116), no Chile (US$ 55), na África do Sul (US$ 86) e na Suíça (US$ 147).
No caso dos tênis para futebol, mesmo com o preço brasileiro mais baixo que o suíço, ainda há grande diferença em relação aos outros países de renda inferior: Brasil, com US$ 73, Chile, com US$ 44, África do Sul, com US$ 57, e Suíça, com US$ 91. A desproporção se mantém em calçados para lazer: Brasil (US$ 98), Chile (US$ 51), África do Sul (US$ 68), Suíça (US$ 74).
A pesquisa mostra ainda que, do total de calçados esportivos vendidos no Brasil no ano passado, 10% eram produtos acima de US$ 150, o que se repete na Suíça, mas não no Chile e na África do Sul.
Apesar de as marcas brasileiras terem aumentado sua importância – cresceram de 45,5% para 47% entre 2011 e 2012 – as marcas globais que atuam no Brasil ainda têm predominância no mercado brasileiro: passaram de 54,5% em 2011 para 53% em 2012. Entre as marcas locais, 85% dos produtos vendidos custam até R$ 150, enquanto entre as marcas globais essa fatia é de apenas 38%.
O sucesso da corrida
A venda de calçados para corrida é a que mais cresce no Brasil, conforme a avaliação da GfK Brasil. Em 2011, respondia por 13% do mercado de calçados esportivos, passando para 17% em 2012. Itens para futebol (chuteiras) permaneceram em 13% nos dois anos, enquanto a categoria de tênis para lazer, multiesporte e outros caiu de 74% para 70% no período analisado.
Mesmo com a estabilidade das marcas locais em lazer e multiesporte, elas ainda estão atrás na disputa por compradores de calçados para corrida, sendo que apenas 12% dos volumes das marcas locais são deste segmento. Para as marcas internacionais, o segmento corrida representa 21% das vendas totais no ano de 2012. Isso se confirma em outro dado do estudo: as marcas globais já concentram 67% do volume total de unidades vendidas no segmento de corrida, com tendência de crescimento.
“São produtos mais atrelados a performance e também à marca”, explica Claudia, completando: “A corrida está crescendo no Brasil e em outros países em que a GfK atua. É um mercado de muitas oportunidades. Para se ter uma ideia, esse segmento cresceu 35% no ano passado contra apenas 3% do mercado brasileiro total de calçados esportivos”, conclui.