Clássico da literatura infantil alemã faz 50 anos


Desde a última semana, uma exposição aberta em Stuttgart, na Alemanha, comemora os 50 anos da primeira edição do livro “O Ladrão de Hotzenplotz”. Um dos maiores clássicos da literatura alemã infantil, o livro escrito por Otfried Preußler conta a história de um ladrão narigurudo que só rouba aquilo de que gosta.

Fazendo um retrospecto da obra e mostrando como Preußler é mundialmente bem-sucedido, a exposição apresenta algumas curiosidades, como exemplares do livro nos idiomas coreano, chinês, africâner e lituano (“O Ladrão de Hotzenplotz” foi traduzido em mais de 30 línguas), e suas diferentes capas. “As edições asiáticas são especialmente interessantes, exóticas e coloridas”, explica Heinke Schöffmann, curadora da mostra.

O público também poderá conferir na exposição como o sucesso do livro foi inesperado para seu autor. “Foi apenas a partir das cartas dos leitores que Otfried Preußler decidiu dar sequência às aventuras do ladrão com ‘Novidades do Ladrão Hotzenplotz’ e ‘Hotzenplotz 3’”, esclarece Schöffmann.

Nascido em 1923, em Reichenberg, no norte da Boêmia, Otfried Preußler, oriundo de uma família de professores, conviveu com um pai que, como apaixonado pesquisador de sua terra natal, colecionava lendas da região das montanhas do Iser; e com uma avó que o alimentava incansavelmente de histórias. "O livro de histórias de minha avó – que na realidade nunca existiu – é, para mim, o mais importante de todos os livros que conheci em minha vida", recorda Preußler.

Suas primeiras histórias foram escritas aos 12 anos de idade, mas o sonho de ser escritor e viver em Praga foi frustado pela Segunda Guerra Mundial. Em 1942, logo após prestar o "Abitur", exame de conclusão do Ensino Médio na Alemanha, Preußler foi convocado para combater e só retornou em 1949, depois de passar cinco anos em uma prisão russa. Em Rosenheim, cidade da Alta Baviera, onde teve a sorte de reencontrar a família e a noiva, Otfried Preußler começou a escrever, primeiramente como repórter local, deslocando-se de bicicleta; depois como autor de peças infantis para o rádio. Seu primeiro grande sucesso foi o livro "O Menino das Águas", que conta a história de um pequeno ser aquático meditador e divertido, escrito em 1956.

Cada novo texto que escreve, Preußler o submete, primeiramente, à avaliação das crianças – uma atenção que se reflete, até hoje, nas cartas de agradecimento que recebe de crianças embevecidas. "As crianças são o público melhor e mais inteligente que um contador de histórias pode almejar. E são críticos rigorosos e insubornáveis", diz Preußler a respeito delas.

SXC
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