Apenas quatro países membros do G20 registram um terço ou mais de mulheres em cargos de liderança no setor público. O Canadá fica em primeiro lugar com 45% de líderes mulheres, seguido pela Austrália (37%), o Reino Unido (35%) e a África do Sul (33%). Os dados fazem parte da pesquisa Worldwide Index of Women as Public Sector Leaders, da Ernst & Young.
“Em um mundo globalizado, a diversidade não é vista apenas como uma ambição, mas é crucial para um governo eficiente e para impulsionar a competitividade econômica”, comenta Uschi Schreiber, líder da Ernst & Young em Administração Pública.
A proporção de mulheres representadas no setor público é geralmente mais elevada em mercados desenvolvidos, ao mesmo tempo em que a taxa de mulheres em cargos de liderança varia mundialmente em mercados desenvolvidos e emergentes.
No Brasil, menos da metade dos empregados do setor público são mulheres (48%), sendo que 32% ocupam cargos de liderança. Desde 2010, o Brasil está sob a presidência de Dilma Rousseff, e dez dos seus trinta e nove ministros são mulheres, o que representa um recorde para o País. Na Alemanha, pouco mais da metade dos cargos do setor público são preenchidos por mulheres (52%), mas apenas 15% delas são líderes.
“Os governos enfrentam uma transformação rápida do mundo. A demografia instável, a urbanização e mudanças climáticas, assim como os efeitos prolongados da crise econômica, demandam grandes líderes para a tomada de decisões. Desencadear o talento das mulheres pode trazer mudanças positivas e uma probabilidade maior de melhores resultados para todos nós”, explica Schreiber.
Apesar de dados animadores revelados por pesquisas recentes, a instabilidade econômica e os cortes de empregos no setor público em muitos mercados do G20 devem resultar em uma piora na situação de trabalho e potencialmente em um passo atrás para as mulheres no setor público.
No Reino Unido, estima-se que 710.000 pessoas serão destituídas dos cargos públicos até 2017, sendo o dobro de mulheres em relação aos homens. Em alguns países da Europa, os cortes estão focados nos setores da educação, saúde e trabalho social, nos quais predomina a força feminina, o que faz a situação ser ainda mais difícil para as mulheres em busca de emprego e avanços nas posições de liderança. Na Itália, por exemplo, foram cortados 19.700 empregos destinados a mulheres e espera-se, em relação aos próximos anos, que mais 87.000 sejam cortados só no setor da educação. Similarmente, nos Estados Unidos, o setor público demitiu cerca de 74.000 empregados no último ano, sendo que 63.000 deles (85%) eram mulheres.
“A maioria dos governos está atenta aos benefícios de promover uma liderança mais equilibrada e vem promovendo ativamente políticas direcionadas ao déficit do gênero. Infelizmente, como em outros setores, a distribuição de gêneros em cargos de liderança no governo não é representativa do número de mulheres na comunidade e no ensino superior. Tais resultados reforçam a dimensão do que está para ser alcançado. Temos quatro meios de ação, os quais, quando tomados conjuntamente, parecem resultar em uma representação mais eficiente das mulheres em cargos de liderança. Nomeadamente, a legislação direcionada às barreiras visíveis, a transformação cultural direcionada às barreiras invisíveis, um crescimento de modelos e liderança femininas, e ações para futuras líderes do setor público”, conclui Schreiber.