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O contexto atual de instabilidade, seja por conflitos geopolíticos ou pela abordagem tarifária dos Estados Unidos, não parece estar afetando o otimismo no cenário corporativo, principalmente entre empresas alemãs no exterior. É o que demonstra o relatório AHK World Business Outlook, da Câmara de Comércio e Indústria Alemã (DIHK), baseado em mais de 3.500 respostas de empresas em cerca de 90 países.
Globalmente, 44% das empresas esperam melhores negócios. A recuperação continua frágil, mas a direção mostra que o crescimento ocorre além das fronteiras alemãs. Isso também se reflete nos planos para o futuro. No exterior, 29% das companhias pretendem aumentar seus investimentos, enquanto apenas 16% planejam reduções.
Na África, no Oriente Médio e na Ásia Central, as empresas alemãs são as mais otimistas em relação à economia local. Cerca de 50% esperam uma melhora, enquanto 9% preveem uma deterioração (saldo de 41 pontos, após 26 pontos anteriormente).
Já na América do Sul e Central, as companhias estão confiantes quanto ao desenvolvimento econômico no próximo ano. Aproximadamente 30% confiam que a situação econômica vai melhorar, enquanto 25% preveem uma deterioração.
De acordo com Volker Treier, Chefe de Comércio Exterior da DIHK, os mercados internacionais são um pilar de estabilidade para muitas empresas alemãs. “Elas demonstram ali que conseguem competir, mesmo que a Alemanha, como localização, esteja atualmente oferecendo poucas vantagens”.
Grande parte dessas empresas estão respondendo às mudanças nas condições políticas e econômicas e, consequentemente, redirecionando suas decisões de investimento para áreas onde a demanda está crescendo atualmente e, no futuro, para áreas onde o acesso ao mercado está vinculado à criação de valor local.
Ao mesmo tempo, os riscos nos negócios internacionais continuam crescendo. Quase metade das empresas (48%) cita as condições de política econômica como o maior risco, e 47% apontam a demanda fraca. Somam-se a isso riscos cambiais crescentes (31%) e novas barreiras comerciais (25%).
Na América do Sul e Central, as empresas continuam enfrentando muita incerteza na política econômica. No geral, 53% citam esse risco, uma queda de 2% em relação ao ano anterior. No entanto, houve um aumento no Brasil em particular, onde a proporção de menções ao risco econômico subiu de 36% para 49%.
Complementando os dados, Treier explica que o acesso ao mercado precisa ser cada vez mais conquistado politicamente. “A economia global está tentando encontrar um novo equilíbrio, mas esse ‘novo normal’ está trabalhando contra nós por enquanto. Os mercados globais são moldados pela política de poder, não abertos por si só. Aqueles que não conseguirem garantir sua competitividade serão excluídos”, complementa.
A política comercial dos Estados Unidos continua tendo efeitos em todo o mundo. A insegurança inicial das empresas diante das medidas adotadas pelo governo norte-americano deu lugar a uma fase de desilusão e adaptação estratégica. Cerca de 44% das empresas alemãs em suas unidades no exterior relatam efeitos negativos ou fortemente negativos – desde tarifas e controles de exportação até exigências de conteúdo local.
“As regras do comércio global estão sendo reescritas”, afirma Treier, que acredita que aqueles que não conseguirem garantir o acesso ao mercado por meio de acordos comerciais robustos ou que permanecerem estruturalmente muito caros sairão perdendo. “Não se trata de isolacionismo, mas de conectividade. A Alemanha e a Europa devem tomar medidas específicas para fortalecer a competitividade de suas empresas, por meio de preços de energia confiáveis, procedimentos mais ágeis, isenção fiscal e novos acordos comerciais. Só assim nossas empresas poderão participar novamente do crescimento global, e ajudar a moldá-lo, em vez de ficarem para trás”, finaliza.
Acesse os resultados da pesquisa na íntegra aqui.
