Por meio de uma parceria, a Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, e a Universidade de Bochum – RUB trabalham na gestão de um projeto de pesquisa para a eficiência energética e fontes de energia renováveis.
Com o intuito de maximizar as condições legais das energias renováveis e da eficiência energética, o Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, Nipe, e o Instituto para Legislação de Minas e Energia da Universidade de Bochum pretendem desenvolver um arcabouço legal e jurídico adequado para poder mensurar os avanços nessa área na Alemanha e no Brasil.
“Diante de tantas diferenças políticas, econômicas, sociais, ambientais e geográficas entre os dois países, dependemos de um mecanismo eficiente e de uma estrutura apropriada para poder comparar as condições entre Brasil e Alemanha e, assim, desenvolver tecnologias e soluções conjuntas”, declarou o Professor Christian Pielow, da Universidade de Bochum – RUB, durante a conferência de sustentabilidade Ecogerma, na última quinta-feira (28).
No evento, promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Alemanha (AHK, na sigla em alemão), Pielow acrescentou que as questões energéticas vêm ganhando força na União Europeia (UE) nos últimos 20 anos, e que o regime do bloco contém diretrizes supranacionais a fim de orientar as ações ambientais e de eficiência energética dos estados-membros.
“A Alemanha tem grande interesse em fomentar cooperações com outras nações no ramo dos recursos energéticos renováveis, pois estamos construindo uma matriz limpa para fornecer eletricidade, e a troca de experiências pode ajudar em nosso desenvolvimento”, comentou o professor.
A eficiência energética, principal área de atuação da UE para reduzir os impactos ambientais, ainda não é um segmento consolidado no Brasil. “Não temos condições como no Brasil para explorar tantos recursos fósseis e pagar por isso é insustentável, por isso a busca por fontes renováveis é mais difundida na Europa”, disse Pielow.
A União Europeia pretende elevar em 20% o uso de energias renováveis (eólica, solar, biomassa, geotérmica) até 2020, além de aumentar em 10% o uso de biocombustíveis no setor de transportes, no mesmo período. Para isso, cada país do bloco conta com uma meta própria: a Suécia deve ter 45% de seu consumo de energia proveniente de fontes renováveis, a Espanha 20%, a França 23%, a Alemanha 18%, a Itália 17% e o Reino Unido 15%.
Situação nacional
Durante a apresentação na Ecogerma, o professor Dr. Gilberto Jannuzzi, que participa da parceria pela Unicamp, apontou que o Brasil ainda recorre fortemente aos incentivos diretos governamentais e às políticas públicas para internalizar tecnologias e criar mercadorias e empregos no setor de energias limpas. “À medida que esse mercado vai se consolidando, os mecanismos financeiros do segmento vão aumentando e a tendência é que os incentivos públicos diminuam”, pontuou Jannuzzi.
Desde o ano 2000, o País promove incentivos para a eficiência energética, fortalecendo-os a cada ano por meio de programas nacionais para arrecadar recursos e gerar investimentos na área.
Um dos avanços destacados por Jannuzzi é a implementação de uma regulação para criar mini e micro incentivos para a geração de energia, priorizando as fontes renováveis. Ainda, o mercado de redes elétricas inteligentes (smart grids) figura entre os mais promissores no cenário nacional, otimizando custos e evitando desperdícios.
Em um recado para o Brasil, Pielow ressaltou que as energias renováveis tem que ser economicamente viáveis e devem criar um mercado competitivo, a exemplo de seu país, que já conta com um mercado liberalizado e permite que as renováveis concorram em condições iguais com a energia convencional.