Dia mundial para discutir a Água

Em 22 de março 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água, com o objetivo de incentivar discussões relacionadas à preservação e melhor gestão desse recurso natural. Dezoito anos depois, percebe-se que a consciência ambiental já é um conceito disseminado na sociedade. Entretanto, será que há ações efetivas no sentido de preservar os recursos hídricos no mundo?


Sim, é a resposta do consultor e jornalista alemão, Philipp Hartmann, mestre em Ciências da América Latina e doutor em Economia pela Universidade de Colônia, na Alemanha. Ele lançará, nos próximos meses, um livro em português que sugere uma maneira diferente de cobrança pelo uso da água no Brasil, fruto de sua tese de doutorado. Nesta semana, será também um dos palestrantes do Fórum Internacional de Gestão Ambiental, que acontece em Porto Alegre, de hoje a quarta-feira (24).


Poluidor-pagador


Em sua tese, Hartmann defende a utilização de instrumentos econômicos ou baseados no mercado, principalmente a tributação ambiental, na política ambiental no Brasil. “Cobra-se, por exemplo, uma taxa para cada litro de água utilizado ou determina-se um imposto a ser desembolsado sobre cada tonelada de dióxido de carbono emitida, aumentando-se, com isso, os custos de utilização do meio ambiente para o usuário (ou poluidor)”.


Escassez e desperdício


Nos últimos anos, houve um desenvolvimento importante do sistema de gestão de recursos hídricos em muitas regiões brasileiras, segundo o especialista. É o caso de um modelo implementado no Ceará. “Acostumado a lidar com escassez hídrica, foi posto em prática no estado, em 2001, uma combinação de gestão participativa, cobrança pelo uso da água e mecanismos de compensação financeira para quem reduzisse o consumo de água”, analisa.


No entanto, a distribuição desigual da água ainda é um grande desafio – de um lado, está a escassez; de outro, o desperdício. Há ainda a questão sobre a qualidade da água. A falta de saneamento é apontada como um dos maiores problemas em termos de poluição. “Os esgotos domésticos não tratados ou apenas parcialmente tratados são a principal fonte de poluição com matérias orgânicas em muitas bacias. A agricultura também gera uma grande parte da poluição dos rios, além de ser um importante consumidor de água”.


Brasil: potência econômica


Para Hartmann, o crescimento econômico brasileiro precisa ser desconectado do consumo ambiental. “Crescer economicamente tem de ajudar a desenvolver estratégias e tecnologias para gastar menos água e poluir menos, e não mais”.


A grande questão, complementa, “é saber se vamos aprender a usar a água de forma responsável e se conseguiremos organizar as conseqüências da escassez regional para que esta não se transforme numa crise global”.

SXC
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