A transição para uma economia mais verde pode gerar entre 15 e 60 milhões de novos empregos em nível mundial nas próximas duas décadas e tirar dezenas de milhões de trabalhadores da pobreza. Essa é a principal conclusão do novo relatório produzido pela Iniciativa Empregos Verdes, parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização Internacional de Empregadores (OIE) e a Confederação Sindical Internacional (CSI).
O estudo "Rumo ao Desenvolvimento Sustentável: oportunidades de trabalho decente e inclusão social em uma economia verde" sustenta que o alcance desses objetivos dependerá da adoção de uma correta combinação de políticas.
"O atual modelo de desenvolvimento tem se mostrado ineficiente e insustentável, não só para o ambiente, mas também para as economias e sociedades", disse o diretor geral da OIT, Juan Somavia. "Precisamos urgentemente seguir por um caminho de desenvolvimento sustentável, com um conjunto coerente de políticas em que as pessoas e o planeta desempenhem um papel central", afirma.
As conclusões do relatório mostram que a economia verde pode incluir milhões de pessoas, ajudando-as a superar a pobreza e proporcionando melhores condições de vida para esta e futuras gerações. “É uma mensagem positiva, plena de oportunidades frente aos atuais desafios globais que estamos divulgando no mundo inteiro enquanto os líderes se preparam para a Cúpula da Rio + 20”, avalia Achim Steiner, diretor executivo do Programa Ambiental da ONU (Unep). "Esse próximo encontro será um momento decisivo para garantir que o trabalho decente e a inclusão social sejam partes integrantes de qualquer estratégia de desenvolvimento futuro", acrescentou.
O relatório – publicado quase quatro anos após o primeiro estudo da Iniciativa Empregos Verdes – analisa o impacto que a “ecologização” da economia pode ter sobre o emprego, a renda e o desenvolvimento sustentável em geral. Pelo menos metade da força de trabalho mundial – o equivalente a 1,5 bilhão de pessoas – será afetada pela transição para uma economia verde. Embora as mudanças devam ser sentidas por toda a economia, oito setores-chave deverão desempenhar um papel central e ser os mais afetados: agricultura, silvicultura, pesca, energia, indústria manufatureira, reciclagem, construção e transporte.
Dezenas de milhões de empregos já foram criados por essa transformação. Por exemplo, o setor de energia renovável ??já emprega cerca de cinco milhões de trabalhadores, mais do que o dobro do número de empregos entre 2006 e 2010. A eficiência energética é outra importante fonte de empregos verdes, particularmente na indústria da construção, o setor mais afetado pela crise econômica. O Brasil já criou cerca de três milhões de empregos ligados à sustentabilidade, respondendo por cerca de 7% dos empregos formais no país.
Outras conclusões importantes do relatório
O estudo mostrou que na União Europeia existem 14,6 milhões de empregos diretos e indiretos relacionados à proteção da biodiversidade e recuperação dos recursos naturais e florestas. No bloco, a Alemanha se destaca com um programa de renovação de prédios para melhorar a eficiência energética do país. Cerca de € 100 bilhões estão sendo mobilizados para investimentos na área. O projeto tem contribuído para reduzir contas de energia, evitando emissões e gerando em torno de 300 mil empregos diretos por ano.
Entre 15 e 20 milhões de catadores informais, hoje trabalhando em condições precárias e em jornadas exaustivas, vivendo abaixo da linha da pobreza em dezenas de países, podem sair dessa situação com medidas simples. Brasil e Colômbia, entre outros exemplos, conseguiram significativos benefícios econômicos, sociais e ambientais ao formalizar e organizar essa profissão e outras similares, migrando esses trabalhadores para modernos sistemas de reciclagem.