O ex-ministro do Meio Ambiente da Alemanha Jürgen Trittin (atual deputado do Partido Verde alemão) participa de um debate na PUC-SP, na quarta-feira (7), sobre o acordo nuclear entre o país europeu e o Brasil. O convênio será renovado automaticamente, até o final deste ano, se nenhum dos países se manifestar contrariamente à prorrogação.
Assinado em 1975, durante o regime militar, o acordo previa o fornecimento, pela Alemanha, de tecnologia para a construção de oito usinas nucleares e uma usina de enriquecimento de urânio no Brasil. Mas agora que a Alemanha abandonou o seu programa nuclear, e depois dos acidentes de Chernobyl (Ucrânia) e Fukushima (Japão), faz sentido mantê-lo? Além de Trittin, a questão será discutida por Leonam dos Santos Guimarães (professor da FAAP e capitão de reserva da Marinha Brasileira) e Chico Whitaker (dirigente da Coalização Anti-Nuclear e um dos principais organizadores do Fórum Mundial Social).
O debate sobre a parceria nuclear encerra o ciclo Jornadas Brasil-Alemanha: 50 anos do golpe de 1964, que acontece nesta semana, no campus Monte Alegre da PUC-SP. O evento, realizado por ocasião do cinquentenário do golpe militar brasileiro, pretende abordar aspectos importantes das relações entre o Brasil e Alemanha nesse período, com a participação de ex-refugiados, entidades de proteção a refugiados e pesquisadores.
“A Alemanha Ocidental deu apoio à ditadura brasileira. Apesar disso, houve várias organizações e movimentos alemães que denunciaram os crimes da ditadura, acolheram refugiados brasileiros e apoiaram ativamente a luta pela democratização do Brasil”, afirma a professora Marijane Vieira Lisboa (Depto. Sociologia PUC-SP), uma das coordenadoras do ciclo.
O evento também discutirá a política de megaeventos na Alemanha e no Brasil, em mesa com Wolfgang Kress-Dörfler (deputado do Partido Social Democrata do Parlamento Europeu), o jornalista Juca Kfouri e o professor Carlos Vainer (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ).
O ciclo Jornadas Brasil-Alemanha: 50 anos do golpe de 1964 integra as Nunca Mais Brasilientage (Nunca Mais, Jornadas Brasileiras), iniciativa que ao longo de 2014 reúne dezenas de organizações, fundações, instituições acadêmicas e amigos alemães do Brasil para discutir as relações entre os dois países durante o período. As Nunca Mais Brasilientage, das quais a professora Marijane foi uma das organizadoras, teve início em março, em Berlim e outras cidades alemãs, inclui mostra de filmes, exposições, oficinas, debates e um seminário acadêmico no Instituto Latinoamericano da Universidade Livre de Berlim.
Com informações da assessoria de comunicação da PUC-SP